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Três casos de condução em contra-mão na A23

Infractores detectados no troço Guarda-Caria têm mais de 44 anos

Três condutores foram autuados na A23 por circularem em contra-mão. Desde a sua abertura, em Agosto do ano passado, a Brigada de Trânsito (BT) da GNR da Guarda já apanhou em flagrante duas senhoras e um homem, com idades compreendidas entre os 44 e os 61 anos, a conduzir em sentido contrário na auto-estrada da Beira Interior. Pedro Patrício, comandante daquela força policial, desdramatiza estes números, considerando que é um «universo muito pouco significativo», embora reconheça tratar-se de uma situação «perigosa».

Um homem de 47 anos, ainda nos últimos quatro meses de 2002, e duas senhoras de 44 e 61 anos, já em 2003, colocaram a sua integridade física em perigo, tal como a dos outros condutores ao circularem em contra-mão na A23. Dois dos casos registaram-se durante o dia, enquanto o terceiro aconteceu por volta das duas da manhã. Os automobilistas em causa serão pessoas que «não estão habituadas a este tipo de itinerário e de sinalização», indica o comandante da BT da Guarda. Quanto ao motivo alegado pelos condutores para praticarem aquela infracção ao Código da Estrada, Pedro Patrício adianta ter sido a de «não se terem apercebido» que circulavam em contra-mão. «É uma situação preocupante a nível nacional, mas localmente não temos tido motivos de preocupação excessiva, uma vez que se tratam de casos pontuais», sublinha. Neste sentido, são «três casos na vida de uma auto-estrada que já tem mais de um ano», o que representa um universo «muito pouco significativo para se tirar qualquer tipo de ilação», reforça, admitindo, contudo, que se trata de uma situação «gravosa e perigosa».

Segundo Pedro Patrício, os três casos de condutores detectados a circular em contra-mão foram denunciados através de chamadas telefónicas de outros utilizadores da A23. Por vezes, a Brigada de Trânsito da Guarda recebe telefonemas a indicar que há condutores a circular em contra-mão, mas quando a patrulha se desloca ao local referido verifica que tal situação não acontece. «Infelizmente há brincadeiras de muito mau gosto no nosso país», lamenta.

Uma ajuda importante para a BT é o avançado sistema de vigilância da Scutvias, concessionária da A23, embora este também seja falível, uma vez que a filmagem não está presente ao longo de toda a auto-estrada. «Quando nos chega uma denúncia, a primeira entidade que contactamos para confirmar se há ou não alguma viatura em contra-mão é a Scutvias, porque se alguém entra nessa situação é imediatamente detectado», assevera Patrício. No entanto, as câmaras de vigilância não estão presentes ao longo de todo o percurso, pelo que os condutores podem fazer inversão num ponto onde não estão a ser filmados, salienta o comandante da BT, que distingue o entrar em contra-mão da inversão de marcha.

Colocação de sinal proibido não é unânime

Uma solução viável para que os casos de condução em contra-mão na A23 não se repitam poderá passar pela colocação de sinais de sentido proibido, «até porque continua a ser o sinal com mais peso na circulação» mesmo junto das pessoas «mais idosas», nota. Contudo, esta é uma medida «complexa» em auto-estrada, uma vez que cria «alguma perturbação» ver aquele sinal a quem circula no sentido contrário. Desta forma, põe-se a hipótese de colocar estes sinais com algum ângulo que impeça quem circule no sentido contrário «de os ver na totalidade ou não se aperceber dos mesmos», explica. Já Joaquim Lacerda, Governador Civil da Guarda e presidente da Comissão Distrital de Segurança Rodoviária (CDSR), defende a colocação do sinal proibido nas entradas da auto-estrada de forma a que quem circular em contra-mão se aperceba da infracção ao Código da Estrada. De resto, o «fenómeno» da condução em contra-mão «verifica-se essencialmente com pessoas de mais idade e menos habituadas ao trânsito nestas novas vias», considera. O que é certo é que os condutores detectados na A23 não têm uma idade tão avançada. Este assunto já foi abordado na última reunião da CDSR, pois trata-se de uma situação que «começa a preocupar-nos, porque um choque frontal em auto-estrada é demasiado violento», adverte Lacerda.

Ricardo Cordeiro

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