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Trebuchet MS

Bilhete Postal

Descobri um mail extraordinário de um administrador hospitalar. Uma personagem de nome Dalmar, ou semelhante, escrevia aos funcionários que todos os documentos do Hospital passavam a ser em Trebuchet MS de tamanho 11. O administrador democrático achava que seria importante ter alternativa e dava duas: Tahoma, também 11, ou Times News Roman, ainda 11. Sem dúvida que Dalmar não tem problemas de visão, porque 11 é o seu número. Dalmar gosta pouco de coisas exóticas como Baskervile Old Face ou Bodoni MT. Dalmar também parece ter pouco mais que fazer que escolher padrões de letras. Realmente, com mais de 20 novas competências onde antes só conhecia quatro torna-se imperioso ser criativo.

Ali no Hospital há regras e começam por “Trebuchet e não bufas” e se sais do carreiro aperta-te com o dedo. Agora a coisa é toda “by the book”. O número de consultas é 8 e não façam mais que a Ordem não deixa. A escrita é no SAM e em Trebuchet para imprimir as histórias todas iguais. Para dar informações decentes há uma comissão – não médica – que avalia as barbáries dos clínicos apesar da especialidade ser Tahoma e Bodoni – medicina nada. A formiga quer-se no carreiro e agora a formiga é médica. Tenho um horário bem controladinho e por essa razão já só entro e saio a horas e produzo aquilo que o horário deixa. Os administradores vão-se entretendo com diplomas e documentos extensos sobre como complicar os concursos de material, como justificar não comprar material, acusações tresloucadas a clínicos. Mas agora já todos sabemos que o padrão tem nome, que a solução é conhecida. Vivemos o paradigma Trebuchet PS. Não há conversas, não há decisões substanciadas em previsões e não há qualquer estudo dos constrangimentos às medidas. È o país Tahoma, com um estilo Trebuchet. Caminhamos para um beco com saída violenta.

Por: Diogo Cabrita

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