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Trabalho da Roménia adia primeiros despedimentos na Delphi

Os 226 trabalhadores que seriam dispensados em Junho continuam até Dezembro

Está adiado o despedimento dos 226 trabalhadores que deveriam sair da Delphi no final de Junho. Na sexta-feira, a administração surpreendeu toda a gente com o anúncio de mais trabalho que irá ocupar a primeira leva de despedidos até ao final do ano. No entanto, mantém-se o despedimento colectivo de 524 efectivos até Dezembro. Entretanto, cerca de 70 operários viajaram esta semana para a Roménia, de onde vem a encomenda “milagre”, para receber formação relacionada com aquela tarefa.

O facto do trabalho vir de uma fábrica romena é, para Joaquim Valente, a confirmação de que «os componentes produzidos na Guarda são de altíssima qualidade e isso também pode ser uma mais-valia para o futuro da unidade». O edil soube da notícia pelo ministro da Economia, com quem esteve reunido nas Minas da Panasqueira (ver texto ao lado), à margem de uma cerimónia oficial. «Há indícios de novas encomendas e de que a administração está a fazer tudo para garantir mais trabalho, pois, como se comprova, um novo contrato é suficiente para mudar o cenário», acrescentou o presidente, que disse estar «mais aliviado, mas não descansado» com este desfecho. «Não podemos estar bem quando alguém ao nosso lado está mal», reconheceu, sublinhando ter ficado com «a convicção de que o ministro Manuel Pinho está empenhadíssimo em ajudar a resolver o assunto». De resto, para Joaquim Valente ficou «tudo esclarecido» com o titular da pasta da Economia.

Menos optimistas estão os sindicatos. José Luís Besteiros, do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), esclareceu que está «tudo na mesma» quanto aos despedimentos e que esta solução não é uma nova encomenda: «A Guarda vai receber apenas o excesso de trabalho de outras fábricas da multinacional», afirmou, considerando que isso não será mais que «uma “almofada” para amortecer a queda» da Delphi na cidade. O mesmo pensa Júlio Balreira, coordenador do Sindicato dos Metalúrgicos dos Distritos de Aveiro, Viseu e Guarda. «É apenas uma moratória, porque a empresa terá menos 524 trabalhadores do quadro no final do ano, já que os 226 que deviam sair em Junho serão despedidos em Dezembro», lamentou. A Delphi anunciou, há 15 dias, que vai dispensar mais de metade dos trabalhadores até ao final do ano devido à «forte redução da actividade produtiva» na Guarda. A medida abrange cerca de 700 funcionários, dos quais 524 são efectivos e 176 contratados.

Licenciamento da PLIE avança «rapidamente»

Este adiamento dos primeiros despedimentos foi atribuído, pelo ministro ao «trabalho do Ministério da Economia e do presidente da Câmara da Guarda». Contudo, Manuel Pinho não explicou as razões da «suspensão» das dispensas, nem adiantou detalhes sobre o que vai acontecer até ao final do ano na Delphi. Mas disse haver «contactos com outras empresas da região dispostas a acolher trabalhadores da Guarda, caso haja mais despedimentos». E anunciou o licenciamento «muito rapidamente» da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE), de forma a «criar mais empregos», garantindo que o dossier será levado a Conselho de secretários de Estado para aprovação do Plano de Pormenor e facilitar a instalação de empresas nos lotes disponíveis. «O ministério e o IAPMEI comprometem-se a apoiar todas as empresas que lá se queiram instalar», sublinhou o governante.

Além desta medida, Manuel Pinho anunciou também o lançamento de um curso de empreendedorismo na Guarda, para «despertar jovens empresários para a criação de novas empresas na região». Joaquim Valente rematou a questão, acrescentando que «este é o resultado quando todas as entidades se envolvem em torno dos problemas. As soluções encontram-se». O autarca disse ainda acreditar que multinacional continue «a laborar e a ser uma entidade empregadora com bastante peso na Guarda e na região», mas admitiu que se deve «olhar com outra perspectiva para outros nichos de mercado», sobretudo empresas de menor dimensão.

Luis Martins

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