Depois de intensas negociações que se prolongaram até à última terça-feira, o empresário Paulo de Oliveira conseguiu chegar a acordo com os 460 trabalhadores da Nova Penteação, impedindo desta forma que fosse decretada a falência imediata da empresa. Situação que aconteceria se não entrasse no Tribunal da Covilhã até ao final dessa tarde a comunicação de que tinha havido entendimento entre as partes. Assim, os 460 trabalhadores rescindiram o contrato celebrado com a empresa, sendo que agora cerca de 120 trabalhadores irão ser contratados por Paulo de Oliveira para retomar a laboração no princípio do próximo mês, mantendo direitos como a antiguidade na empresa. Número que o empresário diz ser possível contratar nesta fase inicial por não haver encomendas até finais de Agosto de 2004. Para os restantes, Paulo de Oliveira disponibiliza uma verba «um pouco acima dos 3 milhões de euros» para negociar as indemnizações, duplicando assim o montante de 1,5 milhões de euros que tinha proposto inicialmente. Nessa proposta, apresentada aos trabalhadores na última sexta-feira, a que “O Interior” teve acesso, estabelecia que «esta indemnização individual seria paga em 24 prestações mensais». Tendo em conta o desejo de admitir trabalhadores nos próximos dois anos, o empresário estipula ainda que os trabalhadores «deixariam de auferir as indemnizações caso fossem contactados para trabalhar». Contudo, não foi possível averiguar junto de José Manuel Varandas, advogado de Paulo de Oliveira, se estas condições se mantinham, visto que as negociações poderão manter-se até ao final da semana.
Para já, Paulo de Oliveira compromete-se a começar a pagar as indemnizações aos 340 trabalhadores cinco dias após a homologação do processo e a disponibilizar para estes do Fundo de Garantia Salarial. Além disso, compromete-se a pagar os 15 dias de trabalho deste mês aos funcionários que ainda estão no activo. “O Interior” tentou contactar o Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB), mas não foi possível obter um comentário de Luís Garra ao conteúdo da proposta. Seja como for, o acordo “suado” com os trabalhadores colocou um ponto final num processo com seis meses, inúmeras assembleias de credores e várias propostas dos dois interessados na aquisição da empresa por trespasse – Paulo de Oliveira e Aníbal Ramos (ex-administrador da Nova Penteação). Será ao dono da “Penteadora de Unhais” e da “Paulo de Oliveira S.A.” que caberá transformar outra vez a empresa numa das melhores da região e do país. Recorde-se que Paulo de Oliveira conquistou 68 por cento do voto dos credores com o aumento de 11 para 12 por cento dos créditos e a garantia de que «aceita fazer parte da administração da Nova Penteação e Fiação da Covilhã, S.A., em regime de gestão controlada». O pagamento integral dos 154 mil euros de dívida ao Estado Português, a redução de1,9 milhões de euros da dívida ao Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social para 236 mil euros – que serão pagos num prazo de 25 dias foram também propostas aceites pelos credores para viabilizar a Nova Penteação.
Durante o período de três meses de gestão controlada – renovável – está nomeada uma administração constituída por Paulo de Oliveira, Luís Miguel, Paulo Augusto Oliveira e Victor Simões, que se manterá em funções até à data da escritura. O IAPMEI e o BCP, entre outros elementos, constituem a comissão de fiscalização para acompanhar o processo.
Liliana Correia