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Trabalhadores da Beiralã pedem voto favorável da Segurança Social

Sindicato escreveu ao ministério da tutela após a última Assembleia de Credores, que voltou a ser suspensa

Ainda não foi na passada quinta-feira, na terceira sessão, que a Assembleia de Credores da Beiralã votou o plano de insolvência da empresa senese. Desta vez, foi o representante da Segurança Social a travar a apreciação do documento, reclamando mais uma alteração – que chegou a ser feita, na hora. O responsável levava instruções para votar contra. Entretanto, os trabalhadores escreveram ao ministério da tutela, apelando a que aquele organismo viabilize o plano na Assembleia agendada para hoje.

A Segurança Social pediu o pagamento de juros a seis por cento, rejeitando os quatro que o documento previa. Feita a alteração, o seu representante admitiu que estavam então reunidas condições para que merecesse voto favorável, mas argumentou não estar mandatado para o fazer. A Segurança Social e o IAPMEI ainda solicitaram que a votação fosse feita por escrito, o que não foi aceite. «Isto já é brincar às Assembleias de Credores», reagiu o coordenador do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), ao falar até em «alguma má vontade» por parte do organismo do Estado. «Não é preferível retirar gente do subsídio de desemprego e fazer com que passe a descontar?», questiona Carlos João, referindo-se aos 150 postos de trabalho que a administração de Rui Cardoso planeia criar no prazo de um ano. Considerando que «não faz sentido inviabilizar a empresa numa altura em que o desemprego não pára de crescer», o sindicalista considera que a postura da Segurança Social leva «a alguma desconfiança».

Daí que o sindicato tenha resolvido escrever ao secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, «para que a proposta de Rui Cardoso seja viabilizada», explica. Esta carta seguiu ainda para o Governador Civil da Guarda, Santinho Pacheco, e presidente da Câmara de Seia, Filipe Camelo, que, de acordo com Carlos João, «estão também a agir» junto do governante para que a viabilização da Beiralã seja hoje garantida. «Se a Segurança Social chumbar o plano, vai ter que enfrentar a revolta de muita gente que quer trabalhar», avisa. Segundo Carlos João, os votos favoráveis dos trabalhadores, Segurança Social, massa falida da Fisel e da empresa que requereu a insolvência, a Chargeurs Wool, serão suficientes para aprovar o plano, mesmo que o IAPMEI vote contra. «Mas queríamos que também este instituto público o aprovasse porque quantos mais votarem favoravelmente, mais responsabilidade é imputada a Rui Cardoso para que cumpra o que está a prometer», justifica, adiantando, sem revelar pormenores, que «também está a ser feita pressão» junto deste credor.

O autor da proposta, Rui Cardoso, continua convicto de que os credores vão decidir-se pela viabilização: «Satisfizemos todas as exigências que nos foram pedidas, pelo que estou convencidíssimo que tudo será resolvido», antevê. Se a Segurança Social vier a votar favoravelmente, como espera, o empresário não tem dúvidas de que «o plano vai passar». No entanto, Rui Cardoso está ainda confiante que o IAPMEI votará a favor, apesar de nada vir a receber com a proposta do empresário. «Não consigo perceber o que poderá levar um organismo de apoio às pequenas e médias empresas a querer inviabilizar a empresa», acrescenta.

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Trabalhadores da Beiralã pedem voto
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