Arquivo

Topos de gama continuam a crescer no distrito da Guarda

BMW e Audi subiram vendas, enquanto Mercedes e Saab tiveram uma procura semelhante à de 2003

«É mais fácil vender um carro de 50 ou 75 mil euros, do que um de 10 ou 15 mil». A garantia é dada por Francisco Fernandes, administrador da Finiclasse 2000, concessionário da Mercedes para o distrito da Guarda, onde a grande maioria das unidades vendidas pertence à gama média-alta. Como que a provar que “a crise quando nasce não é mesmo para todos”, outras duas marcas que não estão ao alcance de todas as bolsas do distrito, a BMW e a Audi, também registaram aumentos no volume de vendas.

Numa altura em que as dificuldades económicas afectam grande parte da população nacional, a Matos & Prata, empresa concessionária da BMW no distrito da Guarda, conheceu no ano passado um crescimento, em relação a 2003, «na ordem dos 15 por cento», adianta o administrador José Prata. As vendas de 2004 «caminharam relativamente bem», notando-se que «há mais confiança na economia do que há um ou dois anos atrás», acrescenta. E ao contrário do que sucedia há dois ou três anos, actualmente os carros vendem-se «mais no dia-a-dia», o que significa que as pessoas «já não programam tanto esta decisão». Em relação à venda dos topos de gama da marca alemã, 2004 também foi um «um bom ano». De realçar que quando se fala de topos de gama na BMW, fica-se restringido a um lote de «muitos poucos carros», daí que «não sirva para regular bem com o resto do país», diz José Prata. «Satisfeito» com as vendas, o empresário garante que a BMW é, neste momento, a marca que «melhor pode fazer face a todas as questões que possam surgir, tanto económicas, como políticas», assevera.

Outra marca que também aumentou as suas vendas no distrito da Guarda foi a Audi. Crespo de Carvalho, administrador do concessionário Egiquatro, indica que se verificou um «pequeno crescimento à volta dos quatro por cento». Assim, apesar do preço médio das viaturas ter subido, as vendas foram semelhantes a 2003, mesmo no que toca aos topos de gama. De resto, no princípio de 2004 registou-se mesmo um crescimento das vendas dos modelos mais caros, mas que se foi esbatendo com o passar do ano. Para justificar esta «estagnação», Crespo de Carvalho adianta como explicação provável a anunciada fiscalização dos índices de riqueza.

Maioria dos Mercedes vendidos custam mais de 60 mil euros

Já na Finiclasse 2000, concessionária da Mercedes na Guarda e Viseu, o volume de vendas foi idêntico ao de 2003, tendo sido vendidas cerca de 250 unidades, isto só no “stand” da cidade mais alta, mais 300 na filial viseense. O que perfaz «sensivelmente a mesma coisa» do que se vendia quando a Finiclasse 2000 existia apenas na Guarda, mas servindo os dois distritos. Francisco Fernandes afirma que as vendas «não correram mal, mas podia ter sido melhor. 2004 foi, como todos sabemos, um ano com bastantes dificuldades no sector automóvel, pelo que não podemos queixar-nos», reconhece. Curiosamente, a grande maioria dos modelos mais vendidos foram os «carros de gama média-alta», que custam «sempre mais de 60 a 75 mil euros», realça. Aliás, o empresário não se coíbe de afirmar que «é mais fácil vender um carro de 50 ou 75 mil euros, do que um de 10 ou 15 mil», isto, porque quem compra um carro mais barato tem mais dificuldades em conseguir um crédito. «Não há dúvida de que a crise existe, mas a verdade é que quem podia no ano passado, pode este ano e vai poder comprar no próximo», garante.

Quem também registou vendas «semelhantes» às de 2003 foi a Ciaag, concessionário da Saab, revela o assessor de direcção, Luís Ramos, frisando que até «correram bem» face ao mercado nacional. As razões apontadas para esta manutenção do número de automóveis vendidos são a «crise instalada, o clima de instabilidade e a retoma que tarda em chegar». No entanto, existem «excelentes expectativas» de que as vendas irão melhorar em 2005 devido à chegada de novos modelos e também à reestruturação da marca. Entretanto, a nível nacional o mercado dos automóveis novos conheceu em 2004 um crescimento de 4,2 por cento nas vendas, em comparação com 2003. Quanto às marcas consideradas de luxo, como a Ferrari, Porsche ou Jaguar, registaram igualmente bons resultados em comparação com o ano anterior.

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply