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Todos pelo “Mundo da Carolina”

Pais de criança da Guarda que sofre de paralisia cerebral bilateral pedem ajuda para submeter filha a tratamento que custa cinco mil euros por mês

Com apenas nove anos, Ana Carolina tem-se revelado, desde o primeiro dia, uma guerreira. Nasceu na Guarda com apenas 27 semanas de gestação e sem que nunca tenha sido diagnosticado qualquer problema durante a gravidez. Depois de um parto em que as esperanças da bebé sobreviver eram quase reduzidas, os pais Susana e Bruno Pires viram o mundo desabar quando foi diagnosticada paralisia cerebral bilateral aos dois meses de vida. Um palavrão que tem condicionado toda a vida de Ana Carolina.

A falta de oxigénio no cérebro durante alguns segundos provocou a morte de algumas células, que acabam por limitar a menina a nível psicológico, mas sobretudo a nível motor. No entanto, apesar da dependência da criança e dos profissionais que a acompanharam transmitirem aos pais uma reduzida possibilidade de evolução, «nunca baixámos os braços», revela o casal. Sempre se recusaram a aceitar que o destino de Ana Carolina já estivesse traçado e cada aprendizagem adquirida pela filha «tornou-se uma conquista».

Sem que nada o fizesse esperar, mas indo ao encontro daquilo que os pais sempre acreditaram, o crescimento da filha tem sido mais risonho do que lhes foi anunciado inicialmente. Susana Pires foi mãe com apenas 17 anos: «Foi um choque. Desconhecia a doença e tudo o que poderia advir dela», recorda agora. Mas, com o passar dos anos, Ana Carolina tem dado respostas positivas às suas limitações.

Os pais dizem que é «uma criança muito inteligente e com bastantes capacidades. Basta que seja estimulada». Atualmente anda no 3º ano numa escola do ensino regular, apenas com um currículo adaptado às suas limitações. Já sabe ler e escrever e mexe como ninguém no computador. Aliás, a própria confessou a O INTERIOR que esse é o seu desejo para este Natal «para poder ir à Internet», onde gosta de ver vídeos. A doença afetou-lhe o lado direito da cintura para cima e o lado esquerdo da cintura para baixo, o que a impede de andar, pois «falta-lhe controlo sobre a coluna», refere Susana Pires. Por isso, é de cadeira de rodas que se desloca. Apesar de ser acompanhada semanalmente pela especialidade em Coimbra e fazer diversas terapias para melhorar a sua qualidade de vida, todas as avaliações clínicas indicam que será pouco provável que Ana Carolina possa andar um dia.

Mas «a sua força de vontade a cada barreira leva-nos a acreditar», sublinha a mãe. Depois de vários diagnósticos negativos, é de Braga que chega uma nova esperança. Através da televisão conheceram um Centro de Estimulação Intensiva «que pode vir a fazer toda a diferença na vida da nossa filha», acredita Susana Pires. Ana Carolina já foi submetida a «uma avaliação intensiva e a resposta que nos chegou é de que pode haver melhoria a nível motor». Contudo, esta é uma instituição privada e, numa fase inicial, será necessário um tratamento de dois meses, cada um com um custo de cinco mil euros, «um valor inatingível com os nossos ordenados», lamenta Susana Pires, adiantando que «precisamos de ajuda da sociedade, sozinhos nunca poderemos conseguir». Mas o desânimo inicial já lá vai, pois o casal voltou a arregaçar as mangas e no Facebook criaram a página “O Mundo da Carolina”, onde divulgam a sua história, o processo de tratamento em casa e procuram ajuda para o poder fazer.

Abriram ainda uma conta para angariação de apoios. «É o maior desejo de Natal» de Susana e Bruno Pires. «Já passámos por muita coisa e isto é só mais uma batalha», sublinham, cheios de confiança. Numa primeira fase a clínica garante que haverá evolução ao nível da visão, da fala e sobretudo na correção da postura, o que permitirá à Ana Carolina ter mais controlo da coluna. Inicialmente, a menina deverá ser submetida a três ciclos de tratamentos, cada um de dois meses. Se aos pais não falta esperança de que a filha um dia possa viver melhor, à Ana Carolina também não falta força de vontade. A mãe garante que «ela tem consciência de que é diferente, que tem mais limitações, mas sempre a motivámos». Muitas vezes é a própria que, «apesar das dificuldades, fala e percebe tudo, diz que um dia vai conseguir andar», conta a mãe.

Ana Eugénia Inácio Ana Carolina tem nove anos e acredita que um dia vai poder andar

Comentários dos nossos leitores
manuela manuela.rebelo96@gmail.com
Comentário:
A minha querida guerreira desejo que vença mais uma batalha.
 

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