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«Todos os nossos alunos têm colocação no final da licenciatura»

Cara a Cara – Entrevista

P – O recente anúncio da instalação de uma fábrica de aviões na Covilhã será uma mais-valia para o Departamento?

R – Sim. Neste momento, quando os nossos alunos terminam os cursos são servidos por três tipos de empresas, que dominam o panorama do transporte aéreo em Portugal: as transportadoras, a indústria aeronáutica e da área reguladora, como o Instituto Nacional de Aviação Civil. Nenhuma destas firmas tem sede na região, embora o Departamento procure fazer alguns trabalhos de consultadoria e consiga estágios para os alunos. Ainda assim, para criarem entrosamento com o mercado de trabalho, os estudantes têm que se deslocar para outros pontos do país. Deste modo, a criação de empresas do sector na região permite algumas mais-valias, nomeadamente que os alunos possam realizar estágios durante o ano lectivo, apesar de todos os nossos estudantes conseguirem colocação no final das licenciaturas. Oficialmente, sabemos que há uma empresa interessada em instalar-se na Covilhã e outra – isso, oficiosamente –, também está a procurar o seu espaço. E este cenário é muito importante não só para o Departamento, mas também para a região, desde que sejam empresas competitivas e que tragam empregos mais estáveis.

P – Sabe-se que poderão estar garantidos pelo menos 100 empregos para engenheiros e técnicos…

R – Também isso será vantajoso. Mas estamos em crer que, instalando-se na Covilhã uma empresa com esta dinâmica, é muito possível que venhamos a ter um pequeno “cluster” aeronáutico. Isto permite-nos acreditar que poderão ser criados não apenas 100 postos de trabalho, mas talvez mais. Contudo, temos de pensar que a vinda de uma empresa não significa que todos os alunos cá fiquem. Aliás, temos muitos que preferem responder a outro tipo de solicitações que não têm só que ver com a indústria. Por outro lado, e se este “cluster” for suficientemente apetecível, poderemos alargar a nossa licenciatura e crescer de forma sustentável. O que está programado e anunciado inclui a UBI e os responsáveis autárquicos e penso que vai criar-se um efeito “bola de neve”.

P- De que forma a UBI irá colaborar com a ALEIA? Já foi assinado um protocolo que garante o desenvolvimento de projectos futuros…

R- Conseguimos enquadrar valências, de forma a estabelecer protocolos de colaboração. Já foram assinados a nível político e falam de cooperação institucional, do ponto de vista de actividades e formação. No Departamento de Ciências Aeroespeciais há, fundamentalmente, cinco áreas em que podemos apresentar as nossas mais-valias e dinâmicas: aerodinâmica e propulsão, estruturas de aeronaves, equipamentos, transporte aéreo e materiais. Por ora, estamos na expectativa de ver do que vão precisar essas empresas. À partida, não seremos nós quem vai desenhar e conceber aeronaves ou trabalhar na inovação do produto, mas há muitas outras coisas que poderemos fazer e que serão discutidas à posteriori.

P- Acredita que a Covilhã poderá vir a tornar-se num grande pólo aeronáutico?

R- Acredito que o Departamento tudo fará para que isso possa ser uma realidade, embora haja variáveis que não conseguimos controlar. Nós só dominamos a investigação e a formação, e isso fazemos bem. Esse grande pólo dependerá de um leque de factores, onde os responsáveis autárquicos terão, seguramente, uma palavra a dizer.

P – O Departamento tem desenvolvido projectos em parceria com as autarquias da região?

R- Na Beira Interior não existem muitas autarquias a colaborar connosco, mas também porque não há cá empresas a trabalhar neste ramo. Contudo, temos trabalhado bastante na área da consultadoria do transporte aéreo, sobretudo no aproveitamento de meios aéreos para o combate a incêndios, estudo e organização de meios para a vigilância de florestas e observação territorial de vias de comunicação para as forças de autoridade, utilizando aeronaves não tripuladas. Também temos trabalhado no âmbito dos sistemas optimizados de combate a incêndios e na utilização de meios aéreos para auxiliar a Protecção Civil no caso de incidentes graves.

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