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Todos contra as portagens na A25

Grupo de cidadãos da Guarda, Viseu e Aveiro põem a circular abaixo-assinado para entregar no Governo

Insatisfeitos com a intenção manifestada por Carmona Rodrigues, ministro das Obras Públicas, em cobrar portagens aos automobilistas que utilizarem a futura A25, um conjunto de cidadãos dos distritos da Guarda, Viseu e Aveiro criou recentemente uma Comissão de Utentes contra as portagens no IP5. Numa primeira iniciativa, já se encontra a circular um abaixo-assinado com o intuito de recolher «muitos milhares de assinaturas» para entregar ao Governo e à Assembleia da República e motivar uma reviravolta por parte do executivo de Durão Barroso nesta matéria. Até porque, segundo a comissão, apresentada formalmente na última segunda-feira na área de descanso da subida do Alvendre no IP5, não existem «alternativas credíveis» ao traçado.

O abaixo-assinado, também disponível na Internet em www.contraportagens.com, vai ser ainda enviado a Juntas de Freguesia, Câmaras, colectividades e associações empresariais dos três distritos que queiram fazer o Governo desistir da ideia. «Não faz nenhum sentido instituir portagens numa via como esta quando não há alternativas», critica Francisco Almeida, membro da comissão. Isto porque as Estradas Nacionais (EN) 16 e 17, onde existem zonas em que «quase só se circula de tractor agrícola, porque está tudo esburacado, não são hoje alternativa a coisa nenhuma nesta região», assevera. E exemplifica, garantindo que se um terço dos camiões que circula actualmente no IP5 fosse «despejado» nas EN 16 e 17 iria assistir-se a uma situação de «caos completo». O responsável destaca ainda que o IP5 é ponto de passagem de cerca de 75 por cento das mercadorias que entram e saem do país por via terrestre, um facto que reafirma a importância da via. Pelo que a criação de portagens na futura auto-estrada é vista como «gravosa» e «extremamente prejudicial» para quem utiliza o IP5 para chegar o seu local de trabalho, para os camiões de transportes de mercadorias, mas também para a «economia do país e da região», sublinha.

Recorrendo ao exemplo do troço da A1 entre Albergaria-a-Velha e o Porto, que não chega a ter 60 quilómetros e onde se paga 2,80 euros, o dirigente explica que na futura A25, e de acordo com o mesmo raciocínio, seria necessário pagar 2,50 euros para percorrer 50 quilómetros, o que «será insuportável para as pessoas aqui circularem», garante.

Comissão não acredita na aplicação de «medidas de excepção»

Em relação à possibilidade de virem a ser aplicadas «medidas de excepção», Francisco Almeida não vê «quais» poderão ser, pois não acredita que o Governo vá passar «a todos os habitantes da Guarda, Viseu e Aveiro um cartão com banda magnética ou dar-nos uma via verde para circular na A25», ironiza. O que o contestatário espera é que seja possível nos três distritos envolvidos «erguer um forte movimento de protesto contra a institucionalização de portagens no IP5», acredita. Daí que o objectivo primordial que se pretende atingir com o abaixo-assinado é conseguir «muitos milhares de assinaturas» para, quando for chegado o «momento oportuno», entregar ao Governo e à Assembleia da República. Com esta iniciativa, Almeida acredita que se poderá «contribuir para o desenvolvimento destes distritos» e nomeadamente, em relação aos do interior, Guarda e Viseu, impedir que «fiquem ainda mais afastados dos grandes centros, mais marginalizados e com mais condições para a desertificação», acrescenta. No abaixo-assinado é afirmado que a aplicação de portagens na A25 significará que os distritos em causa continuarão «a ser sacrificados e a verem o seu desenvolvimento adiado». Já a duplicação do IP5, há muito reivindicada, «é absolutamente indispensável para corrigir erros do seu traçado e resolver o congestionamento de tráfego que já provocou inúmeras vítimas, mas nada justifica a introdução de portagens, já que as populações têm direito a uma via estruturante, segura e adequada aos tempos modernos», considera a Comissão de Utentes contra as portagens no IP5.

Ricardo Cordeiro

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