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«Todas as boas ideias são bem-vindas»

Cara a Cara – Pedro Fernandes

P- O que são os Business Angels?

R- No sentido lato do termo significa, como o próprio nome indica, por um lado negócios e por outro anjos. São pessoas que, além de investirem os seus recursos, pretendem fazê-lo de modo a auxiliar novos possíveis projetos e ideias de negócio. Ou seja, por um lado o investimento e por outro serem mentores, dinamizadores dessas ideias de negócios tanto no campo académico, como no campo profissional.

P- Quais são os objetivos dos Business Angels na Guarda?

R- Os objetivos essenciais têm a ver com a possibilidade de exercer esta atividade do “mentoring” na nossa região. Há 15 clubes de Business Angels no país, o Altitude Angels é o 16º e portanto achamos que aqui existem também novas ideias, bons projetos de negócio, que merecem e devem ser apoiados por quem queira investir, queira dinamizar esses negócios e ideias e contribuir para o desenvolvimento do negócio em termos de rede de contactos e de abrir portas.

P- Quantos “angels” já têm e o que vai fazer para cativar mais investidores?

R- O clube foi inaugurado com nove associados, gostávamos que esse número crescesse num futuro próximo, a curto prazo, e para tal não é preciso muito, basta ter alguma vontade de ajudar, apoiar e investir. Quando falo em investir não significa obrigatoriamente valores, pode ser em tempo, usando a experiência profissional e a rede de contactos. O nosso objetivo é podermos angariar a breve trecho mais associados, mais investidores, mais mentores para o clube. O projeto mais importante para podermos dinamizar a atividade dos Business Angels é começar por mostrar no terreno, nas áreas dos negócios, o sucesso de ideias e de projetos que vão surgindo. À medida que tal vai acontecendo, os investidores vão-se dando conta do potencial dessas ideias, seja como recursos endógenos da região, como a possibilidade de exportar produtos e serviços, nomeadamente para Espanha, pois estamos tão perto. Creio que quando começar a surgir este êxito nos negócios e nas ideias, seguramente que vão aparecer mais “business angels” e com mais vontade.

P- Quem pode ser investidor neste projeto?

R- Qualquer pessoa pode ser investidor, ou seja, não é obrigatório ter valores monetários muito elevados para ser investidor. O mais importante é conseguir contribuir com a experiência profissional e conselhos, no fundo é ser mentor.

P- Numa região como a Guarda é fácil atrair investidores, ou procuram fora da região?

R- Não queremos limitar a possibilidade dos investidores poderem apoiar apenas e só negócios na área da Guarda, mas é evidente que talvez seja mais fácil que ao clube da Guarda nos cheguem ideias próximas desta área geográfica. No entanto, os investidores da região podem estar interessados em projetos fora do nosso concelho e distrito. O inverso também pode acontecer. Podem aparecer investidores de fora que venham apoiar projetos da região. Existe um interesse muito elevado em poder dinamizar e divulgar o nosso clube, mas para tal é preciso que existam investidores, temos que os recrutar e para isso é que exista alguma capacidade de investimento, mas acima de tudo ter gosto por apoiar, fazer crescer e ver o sucesso que se possa vir a alcançar com estas novas ideias e projetos de negócio que vão surgindo.

P- Que tipos de projetos procuram apoiar?

R- Não existe um conceito pré-definido de projetos, todas as boas ideias são bem-vindas. Não há um negócio específico no qual os investidores gostariam mais de aplicar o seu dinheiro e o seu tempo. Eu gostava que tudo o que fosse relacionado com a nossa região, que tem produtos e serviços específicos e que não se encontram noutras áreas do país, pelo que seria mais atrativo apostar nessas ideias de negócio.

P- Neste momento sentem dificuldade em procurar projetos inovadores na região?

R- Sim, é possível. Desde logo nós primamos por ter uma parceria com o IPG, no sentido de, por um lado, aproveitarmos possíveis projetos ou ideias de negócio que ali possam surgir e também para conseguirmos uma melhor divulgação dos mesmos. Portanto, estou a referir-me mais no campo académico, onde haverá sempre mais possibilidade de surgirem mais ideias e projetos. Já apareceram duas ideias no Instituto Politécnico da Guarda e algumas estão a ser desenvolvidas nos Policasulos. No campo não académico todos os dias estão a surgir negócios e novas empresas que seguramente precisam também de ser apoiados e merecem sê-lo pela sua mais-valia e potencial. Seguramente que na Guarda ainda vamos encontrar muitas inovações e há que começar a apoiá-las para que, por sua vez, se crie o efeito “bola de neve” e outras mais possam ver a luz do dia. Por vezes, algumas ideias ficam de algum modo “congeladas”, ou esquecidas, por não ter havido aquele clique que poderia ter feito a diferença e tornarem-se num projeto de sucesso.

P- Neste momento já estão a apoiar quantos projetos?

R- O clube foi constituído e apresentado apenas na semana passada e, portanto, não existe ainda uma relação já constituída com um projeto. No entanto, estamos a analisar vários projetos que nos chegaram e que seguramente vão ser investigados e avaliados pelos nossos investidores e num futuro próximo teremos já boas novidades no sentido do apoio dos Business Angels a esses projetos.

Pedro Fernandes

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