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TMG recorda mestres de capela da Sé

Concerto com obras do século XVI a XIX assinala os 810 anos da Guarda no grande auditório

O TMG comemora os 810 anos da Guarda com um concerto histórico integralmente dedicado à obra de compositores que foram mestres de capela da Sé Catedral entre os séculos XVI e XIX.

Trata-se de uma autêntica viagem ao passado musical da cidade que estava escondido em manuscritos originais dos autores recuperados e estudados propositadamente para a efeméride, num «complexo e extenso trabalho musicológico», adianta João Pedro Delgado, um dos directores musicais do espectáculo “Os Mestres de Capela na Sé da Guarda”. Este concerto é, por isso, a estreia moderna de várias obras, algumas das quais estavam esquecidas em códices antigos há cerca de 500 anos. Os compositores tirados do baú são José Maurício, João José Baldi, Francisco de Santa Maria, António Milheiro, Mathias de Souza Villalobos, Pedro Thalesio e António Pereira do Bomsucesso. Sob a direcção de Domenico Ricci e João Pedro Delgado, o recital é protagonizado, amanhã à noite, pelo projecto Capela de Música Egitania – Orquestra e Coro no grande auditório com a participação dos solistas Helena Neves (soprano), Brígida Silva (contralto), Sérgio Martins (tenor) e Pedro Telles (barítono).

Segundo o TMG, «a importância nacional e internacional que muitos destes compositores conheceram, bem como os elevados cargos artísticos que exerceram nalguns dos mais importantes centros musicais europeus, atestam o prestígio da Sé Catedral da Guarda e, por inerência, o brilho que a cidade ostentou em determinadas épocas históricas. Com espanto, através destas músicas para orquestra, coro e solistas, apercebemo-nos do enorme peso institucional e económico que o burgo egitaniense representou entre os séculos XVI e XIX». O expoente máximo talvez tenha sido João José Baldi, filho de Carlo Baldi, músico italiano que trabalhou na Corte, que iniciou a sua carreira em 1789 na Guarda com apenas 19 anos. Aqui foi Mestre de Capela, do Órgão Grande e da Escola de Música até 1794, sendo o artífice do apogeu musical do templo. Passou posteriormente pela Sé de Faro, compôs para seis órgãos simultâneos para a Basílica de Mafra e, a partir de 1800, fixou-se definitivamente em Lisboa, tocando na Capela Real da Bemposta, na Sé Patriarcal e no Seminário.

A sua música religiosa, afeiçoada ao gosto italiano, teve grande divulgação em Portugal e no Brasil, sendo sobretudo apreciado pelo brilho e originalidade das suas composições. Entretanto, hoje ao final da tarde, é inaugurada a exposição “O Esplendor Musical Egitaniense – Mestres de Capela na Sé da Guarda – Séc. XVI a XIX” no Paço da Cultura. Comissariada por João Pedro Delgado, a mostra apresenta verdadeiras relíquias e tesouros musicológicos, entre elas inúmeras partituras e documentos originais de compositores dos séculos XVI a XIX. Está patente até ao final do ano.

A catedral foi o centro nevrálgico do «esplendor musical egitaniense», tema de uma exposição no Paço da Cultura

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