Uma das protagonistas mais interventivas e controversas da música moderna mundial atua na Guarda, no sábado à noite. Diamanda Galás apresenta no TMG o espetáculo “The Refugee”, um conjunto de temas inspirados na canção “O Prosfigas”, que versa sobre a fatalidade dos exilados de Smyrna, durante o genocídio turco do povo grego em 1922.
Esta canção foi popularizada pelo grego Manolis Anngelopoulos, cigano que lutou toda a sua vida contra o preconceito. Neste concerto serão também reinterpretados autores como o egípcio Mohamed Abdel Wahab, os gregos Dionysis Savvapoulos e Lefteris Papadopoulos, a arménia Mara Yekmalian, os espanhóis Camarón de la Isla e Pastora Pavón ou o belga Jacques Brel. Norte-americana de ascendência grega, a cantora, compositora, exímia pianista e performer é uma personagem enigmática, exuberante, polémica e versátil, mas sobretudo uma grande intérprete com um timbre de voz excecional. A sua amplitude vocal, de três oitavas e meia, cria ambientes intensamente dramáticos e quase hipnóticos. A propósito desta micro-digressão – também atua em Leiria no dia 16 –, o jornal “Público” escreveu que o muno de Diamanda Galás «é imune a etiquetas. Importa a voz – invulgar, desarmante e inquietante – e a paixão – forte, crua e arrebatadora – daquela que muitos conhecem como a reencarnação negra de Maria Callas».
No entanto, as abordagens temáticas que os seus espetáculos apresentam fazem dela uma diva capaz de atrair admiradores de diferentes quadrantes musicais como avant-garde, erudito, gótico, blues ou jazz. A crítica diz que os seus concertos são uma experiência única na vida e que a sua música é inclassificável. A artista já editou 19 álbuns, o primeiro dos quais em 1982. Em 1994 gravou e produzido a meias com John Paul Jones (baixista dos Led Zeppelin) o visionário disco “The Sporting Life”. Iannis Xenakis, Vinko Globokar ou John Zorn foram outros nomes sonantes da música contemporânea com quem colaborou. Diamanda Galás, que edita na reputada Mute Records, deu ainda voz e música a filmes como “Dracula” (Francis Ford Coppola), “El Immortal” (Mercedes Moncada Rodriguez) ou “Natural Born Killers” (Oliver Stone).
