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TMG obrigado a reduzir custos

Autarquia quer manter qualidade da programação, mas pede mais rigor na gestão da CulturGuarda

Apesar do mau desempenho da CulturGuarda nos primeiros nove meses de actividade, de que resultou um passivo de 321 mil euros, o presidente do Conselho de Administração da empresa municipal que gere o TMG mantém a confiança nos seus directores artístico e financeiro. «Estamos atentos aos índices de gestão, mas não queremos que o TMG deixe de ser uma referência cultural de qualidade», disse Joaquim Valente na última segunda-feira, garantindo que a autarquia fará, se necessário, reforços provisionais para a programação do Teatro Municipal.

Contudo, o também presidente da Câmara admitiu que a empresa «não pode continuar a consumir os meios financeiros que tem consumido, porque é necessário diminuir o défice». O aviso marcou a apresentação da programação do próximo trimestre do TMG, que já inclui «provas evidentes» de um esforço de redução de custos, apontou Américo Rodrigues, director artístico, referindo-se a espectáculos que resultam de parcerias, acordos e co-produções. Mas, para Joaquim Valente, será necessário muito mais, nomeadamente uma gestão «muito criteriosa e acompanhada», pois é suposto aprender-se «com os erros que se vão cometendo». Ressalva, no entanto, que a CulturGuarda ainda é uma «empresa jovem à qual não se pode exigir lucros, dadas as suas características de serviço público», acusando «certas pessoas» de quererem que dê lucro «a todo o custo». O que ainda não será desta, pois os meses de Verão têm uma programação “light”, própria da época, para além da concorrência das Festas da Cidade na última semana de Julho. Os destaques vão para os concertos da Carla Bley Big Band e do brasileiro Lenine no próximo mês, uma exposição de Graça Morais em Agosto, bem como o Festival de Teatro da Guarda e um espectáculo único do Circo Acrobático Nacional de Pequim, em Setembro.

O período estival é ainda aproveitado para lançar um projecto de férias culturais, intitulado “O Calor das Artes”. De 17 a 21 de Julho, as crianças, dos 6 aos 12 anos, podem ter uma semana diferente na oficina criativa improvisada na sala de ensaios do TMG. A ideia é similar às férias desportivas, só que neste caso os mais pequenos vão realizar peças musicais, fabricar instrumentos, dançar, trabalhar em multimédia, fazer origami, marionetas, fantoches e esculturas. Outro destaque deste trimestre é a estreia da estrutura de produção profissional do TMG. O “Projéc~” (leia-se projéctil) está em cena no pequeno auditório no final de Setembro, no âmbito do Festival de Teatro da Guarda, com a peça “E outros diálogos”, de João Camilo. O espectáculo é encenado por Luciano Amarelo, actor do Teatro Bruto (Porto), mas natural da Guarda, que também interpreta com Fernando Landeira e Sandra Salomé, ligados a companhias da Invicta. Uma curiosidade desta produção está no facto de José Neves, do elenco do Teatro Nacional D. Maria II, também ele da Guarda, ser o autor do trabalho de luzes. De resto, José Neves, Luciano Amarelo, Américo Rodrigues e Rui Nuno constituem o «núcleo duro» do “Projéc~”. O TMG acolhe ainda Pedro Tochas (27 de Julho) e os Gaiteiros de Lisboa (9 de Setembro), enquanto o mês de Agosto é preenchido por 10 espectáculos de música no café-concerto. Quanto ao cinema Oppidana, que passou para a gestão da CulturGuarda, só deverá reabrir em Setembro.

Luis Martins

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