O Museu de Azeite de Belmonte e os lagares da Penazeites, Loca, Fundão, Tojeira e Castelo de Vide deverão integrar a primeira fase da Rota dos Lagares criada na passada quinta-feira pela Confraria do Azeite da Cova da Beira. Um projecto que, de acordo com o chanceler Francisco de Almeida Lino, deverá estar em funcionamento como «teste-piloto» até ao final do ano.
«A Rota dos Lagares é um grande desafio e irá definir os próximos dois anos da Confraria», apontou o chanceler, adiantando haver já «organizações nacionais» interessadas em participar na construção desta rota que será inicialmente implantada na Beira Interior, embora ainda não queira especificar. «Haverá muitas surpresas nesta Rota», refere. A Rota dos Lagares, que será alargada posteriormente a todo o país, deverá ser um «distintivo de higiene e qualidade dos lagares», salienta Francisco de Almeida Lino. «Os turistas têm que olhar para a rota como uma marca, onde reconheçam à partida que a empresa tem características de higiene, valor e qualidade na produção do azeite e uma azeitona de excelência», acrescentou, revelando igualmente que se pretende criar uma «área de “showroom” para acolher com simpatia e hospitalidade o turista».
Já em relação à Academia do Azeite, o objectivo da confraria é envolver no próximo ano às instituições de ensino superior para promoverem a investigação em torno do azeite. Os primeiros protocolos foram assinados apenas com a Escola Secundária Campos Melo (Covilhã) e o Agrupamento de Escolas Pedro Álvares Cabral, de Belmonte, prevendo-se ainda mais um acordo de colaboração com a Secundária do Fundão nos próximos meses. As áreas de Química, Física e Desenho Industrial são apontadas pela confraria como essenciais, sendo que as investigações poderão abarcar outras, desde que tragam mais-valias ao sector da olivicultura. Os trabalhos deverão estar prontos até Maio de 2006, recebendo os três primeiros classificados prémios monetários, financiados pela própria confraria.
Confraria exige tecnologia e modernização nos lagares
A Confraria do Azeite da Cova da Beira vai solicitar ao ministro da Agricultura a possibilidade do ministério subsidiar a presença dos investigadores da Estação de Olivicultura de Elvas para implementar a «modernização e inovação» nos campos e empresas agrícolas-olivículas com a mais alta tecnologia. «Essa tecnologia já devia estar a funcionar há mais de meio século, para que Portugal também possa competir com países como Espanha e Itália», salientou por sua vez o grão-mestre Joaquim Afonso Sanches. Para já, está previsto, no sábado, um “workshop” com estes investigadores destinado aos olivicultores na Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade, no Fundão. «Vamos realizar vários encontros para falar da cultura, da logística do azeite, das técnicas, da poda e de tudo o que diz respeito a este sector. Vamos “meter a mão a fundo” e reformar a olivicultura, que é importantíssima para Portugal, para o meio ambiente e a paisagem», completou Francisco de Almeida Lino. No segundo capítulo da CACB, foram ainda entronizados mais 25 confrades, totalizando-se agora um total de 50. Entre eles estavam Nuno da Câmara Pereira, Manuel Frexes, Dias Rocha e Luís Queiró. A sede da confraria estará instalada no edifício da antiga Moagem, num espaço cedido pela Câmara do Fundão.
Liliana Correia