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Termoluminescência

Mitocôndrias e Quasares

Um dos objetivos da geologia é a determinação do tempo em que ocorreu um fenómeno geológico local (por exemplo, a idade de um jazigo mineral) ou geral (por exemplo, as diferentes glaciações). Para este desidrato, esta área de conhecimento socorreu-se de vários métodos que permitem, com uma margem de erro aceitável, determinar a idade de rochas, de objetos de cerâmica ou de qualquer material que contenha carbono. Mas nenhum método é universal, uma vez que cada um se aplica a materiais específicos e a um período bem definido do passado.

A termoluminescência é o nome pelo qual é conhecido um processo particular do fenómeno da luminescência, isto é, de emissão de luz que não estão associadas a altas temperaturas, mas a condições de baixa temperatura. A termoluminescência é a propriedade de certos sólidos de emitir luz quando são aquecidos, e está presente em muitos minerais. Trata-se da emissão de energia previamente absorvida como resultado de um estímulo térmico. O facto de certos minerais emitirem luz quando aquecidos é conhecido de longa data. Provavelmente, o primeiro relato científico sobre termoluminescência foi feito por Robert Boyle em 1663, quando observou uma ténue luminescência em diamantes aquecidos pelo seu próprio corpo. Até meados do século XIX a interpretação do fenómeno era que o próprio calor estava a ser convertido em luz dentro dos minerais. Importa salientar que a luz não é produzida pela temperatura, mas como resultado da exposição do sólido à mesma e, por conseguinte, mantém-se algum tempo depois de o material se ter afastado da fonte de calor. Quando um material em estado sólido recebe a energia a partir de uma fonte de radiação, como seja o Sol ou o fogo, esta energia é absorvida pela estrutura eletrónica e, posteriormente, quando os eletrões regressam ao seu estado fundamental, é de novo emitida.

Por efeito da radiação recebida num dado mineral pela presença de isótopos radioativos nos sedimentos circundantes, os átomos libertam eletrões, que são particular com carga elétrica negativa. Estes eletrões estão presos no cristal do mineral, sendo o seu número proporcional à dose de radiação recebida.

Quando aquecemos o mineral, os eletrões libertam-se da malha cristalina e são recapturados pelos átomos, produzindo-se uma emissão (termoluminescência), que é proporcional o número de eletrões recapturados.

Desta forma podemos obter uma luz com intensidade variável, que, por sua vez, nos informa da dose de radiação recebida pelo mineral, e assim é possível conhecer o número de anos decorridos desde a última vez que foi submetido aos efeitos de um calor intenso. Esta técnica só é aplicável a minerais que tenham sido expostos à luz solar intensa, como a argila, ou à ação do fogo, como o sílex a as cerâmicas. Por isso deve complementar-se com outras técnicas de datação de fósseis.

Por: António Costa

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