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Termas Romanas

Nos Cantos do Património

Uma das tipologias de edifícios melhor conhecida na investigação arqueológica de período romano corresponde às termas. Quando na década de 50 foram descobertos vestígios de período romano junto à capela românica do Mileu, um edifício destacou-se pela sua tipologia de construção, o complexo a Sul, formado por diversos compartimentos, um deles com planta em abside. Posteriormente, foi interpretado como termas, com identificação do hipocaustum, ou seja, um conjunto de pilares de granito e de tijolo, que terminavam em arco (formados em tijolo), com cerca de 1 metro de altura, onde assentava o pavimento das salas que deveriam ser aquecidas. Por baixo do pavimento circulava o ar quente, obtido através das fornalhas localizadas nas proximidades.

O ar quente percorria diversos compartimentos do edifício, tendo sido identificados tubos em argila que permitiam a circulação do ar quente.

De facto, percebemos que o banho correspondia a um ritual importante nas sociedades de época romana. Segundo as fontes escritas deste período, o banho nas termas demonstrava um ritual, num edifício onde as salas tinham funções específicas. Neste sentido, quando o banhista entrava no edifício das termas ungia o corpo com óleos e fazia exercícios. Depois passava para a sala aquecida, o caldarium, onde tomava banho numa banheira de água quente. Seguia-se uma sala com ambiente tépido, o tepidarium e, por fim, um banho de água fria na piscina do frigidarium. Todos os dias os banhistas faziam este ritual, que deveria corresponder a uma forma de terapia, para além dos cuidados de higiene.

No caso do Mileu para além do hipocaustum, foram ainda identificados tubos de argila entre as paredes e uma sala em abside, sem dúvida, o caldarium.

Verificamos, desta forma, que mesmo em áreas do interior da Lusitania o modus vivendus dos romanos foi adoptado pelas populações autóctones, existindo termas em diversos locais, associados a vicus, uillae ou simples assentamentos rurais. Denunciam a ideia que mesmo em áreas isoladas do Império houve uma necessidade de transpor o esplendor e aparato das grandes cidades para as áreas rurais, não só nas técnicas construtivas, tipologias dos edifícios, mas também nos materiais de construção, como a utilização de mármore.

Por: Vítor Pereira

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