Há uma história que domino mal, que se inicia no pós-guerra – II Guerra Mundial com a criação, nada pacífica, de um estado sionista – o Estado de Israel. Tínhamos descoberto o massacre inominável de 6 milhões de Judeus em campos de concentração sob o silêncio da comunidade internacional. O crime obrigava a uma indemnização. Chegaram a pensar em Angola, mas nenhuma história o justificava.
O sionismo é a corrente mais radical do povo judeu, aqueles que entendem o direito à sua defesa. Ocuparam um território de ninguém onde quase não havia palestinianos. Hoje há milhões de pessoas em cidades criadas pela dinâmica comercial e empresarial desta gente. Isto é o produto de uma exigência de comportamento e uma busca de excelência que mais tarde abordaremos.
Há uma resposta difícil à pergunta “porque nos odeiam tanto?” posta por jovens israelitas. Afinal centenas de milhões de árabes dedicam mais textos e intenções a seis milhões de judeus que aos milhões de miseráveis que alojam nos seus países.
Segundo Freud no texto “Moisés e a religião monoteísta” há um complexo de culpa, a morte de quem nos era importante. Os judeus terão morto Moisés, o construtor das leis e o organizador do êxodo. Mais tarde são os mesmos judeus os culpados da morte de Jesus Cristo. O judaísmo considera Deus irrepresentável, mas aceita a vinda de um Messias, um salvador. Toda a sua crença é o velho testamento e só ele. Todas as religiões monoteístas que se lhe seguem, dentro da mesma ideia, são definidas pela chegada do Messias, os cristãos (Jesus Cristo), depois os muçulmanos (Maomé) e ainda os Mórmon (Joseph Smith). Para todos os testamentos se continuam e o velho testamento é existente e matéria de estudo. Assim estamos todos num discurso aproximado e distante.
Israel é um lugar de sobrevivência de quem foi morto pelos europeus, sem excepção. Os judeus foram perseguidos no antigo Egipto por serem monoteístas, depois na Europa por serem ricos, poderosos e negarem Jesus Cristo, mais tarde na Alemanha nazi fruto de uma confusão demente entre ideias e barbárie. Também a URSS e outros totalitarismos lhes dedicaram uma parcela substancial de ódio. A mesma demência que leva um jovem a explodir-se feliz por matar com ele, crianças e cidadãos judeus. A indiscriminação desta violência torna legítimos os actos de sobrevivência. Devo tentar a paz com quem me quer matar? Devo tolerar a liberdade de quem a utiliza com o objectivo de me destruir? Fiquei boquiaberto com a defesa de Israel feita por Joschka Fischer dos verdes alemães. Nas inúmeras vezes que negociou com pró-palestinianos e os próprios, encontrou uma intolerância intransponível que não havia na democrática Israel e na livre expressão dos média judeus. Assim a legitimidade da defesa é real. E dois soldados chegavam para justificar tudo isto? Por detrás está o número de mísseis em posse dos radicais e a necessidade de 1- reduzir a força do inimigo; 2- afastar das fronteiras o risco de outra barbárie sobre o povo judeu; 3- corrigir os erros das supostas forças de controlo sírias que nada controlavam e tudo permitiam.
Compreendo Israel, defendo a sua existência e não confundo inocentes mortos dos dois lados com o princípio do direito de existência de Israel. Israel sabe que o próximo passo é um estado palestiniano, mas não pode ser um Estado bombista que seja a ogiva nuclear da sua destruição.
Por: Diogo Cabrita