801 dias, cerca de 26 meses, ou seja, mais de dois anos, é o tempo médio de espera por uma consulta de Oftalmologia no Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia. Nesta especialidade este é o estabelecimento de saúde com o terceiro maior tempo médio de espera. Pior só Hospital Distrital de Chaves, onde a espera ronda os 1.046 dias, e o Hospital Distrital das Caldas da Rainha, onde os utentes esperam em média 832 dias.
A lei diz que para uma consulta normal o tempo máximo de espera são 150 dias, mas por todo o país são vários os casos em que este período não é respeitado. Também em situações em que a marcação da consulta é considerada “prioritária” ou “muito prioritária”, o que corresponde a um tempo máximo de espera de 60 e 30 dias, respetivamente, este período não é respeitado. Em Seia, ainda na Oftalmologia, os utentes considerados “muito prioritários” chegam a esperar 35 dias por uma consulta. Esta não é a única especialidade na ULS da Guarda que salta à vista pela negativa a nível nacional. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, respeitantes aos meses de setembro, outubro e novembro, Ortopedia, no Hospital Sousa Martins, chega a ter um tempo médio de espera de 581 dias, sensivelmente um ano e sete meses, para os casos de consulta normal, o terceiro pior tempo de espera do país nesta especialidade. Números só ultrapassados no Hospital Distrital de Lamego (886 dias) e Hospital de São Pedro, em Vila Real (739 dias).
Com menos tempo de espera, mas ainda assim a destacar-se por ser a pior média do país está Cardiologia no hospital da Guarda. Em média os utentes esperam 476 dias por uma consulta com prioridade “normal”, um período que ultrapassa o ano e três meses. No caso de utentes considerados prioritários a espera média é de 106 dias, quando deveria ser de 60 e os casos muito prioritário a espera é de 59 dias, sendo que a lei diz 30 dias no máximo. Estas são as especialidades que merecem destaque pela negativa a nível nacional, mas a nível regional, olhando para a maioria das especialidades, os tempos de espera dos dois hospitais da Unidade Local de Saúde da Guarda também são piores quando comparados com o Hospital Pêro da Covilhã. Esta unidade que integra o Centro Hospitalar Cova da Beira cumpre os tempos médios de espera definidos por lei em 17 especialidades, sendo que há quatro (Dermato-Venerologia, Ofltalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia e Pneumologia) que o desempenho fica abaixo do desejado. É nas consultas de Otorrinolaringologia que os utentes têm de esperar mais tempo na Covilhã. A espera tem uma média de 449 dias, quase um ano e três meses e a nível nacional é a sexta pior média, numa tabela liderada pelo Hospital de Santo André, em Leiria, cuja espera dura em média 982 dias.
Já no caso do Hospital Sousa Martins o tempo de espera está entre o desejado por lei em 12 especialidades, excedendo-o em oito, e no Hospital Nossa Senhora da Assunção é em 13 que os prazos são cumpridos e ultrapassados em três especialidades. Olhando a nível nacional para os dados disponíveis, o cenário não é animador e revela que grande parte dos hospitais tem grandes dificuldades para cumprir os tempos máximos de resposta previstos para uma primeira consulta. As especialidades cujo tempo de espera é superior ao prazo máximo definido por lei são oftalmologia, com 79 por cento dos hospitais a apresentar um tempo médio de resposta superior ao máximo legal, ortopedia (73 por cento), reumatologia (76por cento), otorrinolaringologia (58 por cento), neurocirurgia (67 por cento), e dermato-venereologia (86 por cento). As maiores demoras, com tempos médios de espera acima dos mil dias, verificam-se em unidades do interior norte, mas também do centro litoral. Urologia no Hospital São Pedro, em Vila Real, chega a ter um tempo de espera de 1.599 dias (mais de quatro anos).
Ana Eugénia Inácio
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