Os nascimentos não param de baixar na Beira Interior, onde as três maternidades existentes (Guarda, Covilhã e Castelo Branco) tiveram menos 331 bebés entre 2006 e 2010. Segundo um estudo da Direção-Geral de Saúde (DGS), divulgado na segunda-feira, a quebra é maior no Hospital Sousa Martins, onde houve menos 212 nascimentos nesse período, enquanto nos dois serviços da Covilhã e Castelo Branco – que o documento não distingue – nasceram menos 119 crianças.
Estes dados surgem numa altura em que a fusão dos três serviços está a ser equacionada pela tutela por nenhum deles efetuar mais de 1.500 partos por ano, um indicador recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De resto, outro estudo encomendado pelo Ministério da Saúde sugere o fecho de «uma ou duas maternidades» na Beira Interior, mas a decisão terá que ser tomada até 2013. Intitulada “Natalidade, Mortalidade infantil, fetal e perinatal 2006/2010”, esta análise confirma o que já se sabia, que nascem cada vez menos crianças na região. Na Guarda, esta redução só foi quebrada em 2008, quando houve mais 57 nascimentos relativamente ao anterior. Contudo, foi em 2007 que se registou um pico de menos 127 crianças na maternidade do Sousa Martins. As duas unidades do distrito de Castelo Branco também tiveram menos nascimentos, mas numa escala menor, sendo que o ciclo de diminuição foi interrompido no ano passado. Em 2010 houve mais nove nascimentos comparativamente a 2009, enquanto na Guarda nasceram menos 76 crianças.
A nível nacional, em 2010, a taxa de natalidade cresceu para 9,5 nados vivos por mil habitante, o que corresponde a mais 1.931 crianças face aos valores do ano anterior. Os nascimentos aumentaram em quase todos os distritos, com exceção de Braga e Guarda, onde a taxa diminuiu. No caso da Guarda, era de 5,6 nados vivos por mil habitantes contra 6,0 em 2009. Já em Leiria e Viseu os valores mantiveram-se, revela o estudo da DGS. Em Castelo Branco, a taxa subiu ligeiramente de 6,9 para 7,0. A Guarda voltou a contrariar a tendência nacional no que se refere à mortalidade infantil. Se no país, a média baixou de 3,6 para 2,6 por mil nados vivos, resultante da observação de menos 103 óbitos infantis, a taxa subiu no distrito da Guarda de 1,0 (2009) para 4,2 por mil nados vivos no ano passado, correspondendo a quatro óbitos infantis contra apenas um no ano anterior. Já no distrito de Castelo Branco decresceu de 5,2 por mil nados vivos para 3,7, ou seja, houve 7 e 5 óbitos infantis, respetivamente.
O mesmo cenário verifica-se na mortalidade neonatal (óbitos abaixo dos 28 dias após a nascença), já que a taxa subiu na Guarda de 1,0 para 3,2 por mil nados vivos em 2010, traduzindo-se em três óbitos contra um em 2009. É, com Bragança, um dos distritos onde este indicador cresceu, contrariando a tendência nacional, já que a média baixou de 2,5 para 1,7/1.000 nv. A Guarda também não acompanha o resto do país na taxa de mortalidade perinatal (óbitos abaixo dos 7 dias após a nascença, mais fetos mortos de 28 e mais semanas), que aumenta de 4,9 (2009) para 6,3 por 1000 (nados-vivos + fetos mortos de 28 e + semanas). A média nacional baixou 1,1 para se fixar em 3,5/1.000 nv. Já em Castelo Branco a redução foi menor, de 5,9 para 5,8.
Luis Martins