A suinicultura da Vila do Carvalho, na Covilhã, que tem estado no centro das atenções desde que foi descoberta em Fevereiro uma vala comum com duas dezenas de animais mortos, deverá encerrar brevemente para dar lugar a novos investimentos. A decisão foi avançada pelo vice-presidente da Câmara da Covilhã após ter sido confrontado na reunião pública do executivo da última sexta-feira com as preocupações de alguns moradores quanto à evolução da poluição e dos maus cheiros na zona. Alçada Rosa confirmou que o responsável pela suinicultura manifestou interesse em «encerrar a empresa e urbanizar o terreno para poder rentabilizar o investimento».
A poluição, que tem posto em causa a saúde pública dos habitantes, tem sido um «problema que atormenta» a autarquia desde que foi descoberta pela GNR uma vala comum com mais de duas dezenas de carcaças mortas que estavam a afectar os lençóis freáticos da zona, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela. O que levou a Câmara a limitar em Agosto passado a circulação de veículos pesados na via de acesso à suinicultura com vista ao seu encerramento. «Se o encerramento não acontecer pela própria empresa será por vontade da Câmara», disse na altura o edil. Contudo, os moradores da Vila do Carvalho dizem que tem havido «alguma tolerância» da GNR, permitindo assim a deslocação dos camiões até à agro-pecuária, uma vez que o sinal proibitivo não é autenticado com o selo da Direcção-Geral de Viação. «Isso é um falso problema», justificou Alçada Rosa, afirmando que a autarquia tem legitimidade para colocar sinais de trânsito na malha urbana. Mas as suas maiores críticas são para as entidades que zelam pelo meio ambiente e pela saúde pública, acusadas de «não terem actuado de forma decisiva» para resolver o problema.
«Não é da nossa competência licenciar ou mandar encerrar aquele estabelecimento. Temos pressionado as entidades competentes, mas elas não o têm feito e isso preocupa-nos», criticou Alçada Rosa. Recorde-se que a suinicultura continuou em actividade com cerca de três centenas de animais apesar de terem sido instaurados inquéritos e contra-ordenações pela Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI) e a Direcção-Geral de Saúde. Entre as várias acusações estava o facto da suinicultura ter um sistema de descarga de efluentes prejudiciais para o domínio hídrico e as más condições de tratamento dos animais no armazém, com um sistema de ventilação fraco. Para além disso, a suinicultura não tinha o licenciamento para a exploração da actividade. Para o vereador socialista Miguel Nascimento, a autarquia deveria tomar uma atitude mais firme. «A Câmara deve usar todos os mecanismos legais e pressionar, com o presidente da Junta de Freguesia da Vila do Carvalho, para encerrar aquela empresa», disse. “O Interior” tentou contactar os responsáveis da Empresa Agro-Pecuária da Aldeia do Carvalho e a DRABI, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.
Liliana Correia
