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Sugestão de Natal – pop-ups para adultos

Bilhete Postal

A propósito de “se não percebe as letras vê os bonecos” há inúmeros livros que são ilustrados por pessoas fantásticas e há histórias que convertidas em cartoon se tornam mais fáceis de aprender. A literatura tem estas capacidades cénicas onde a Bíblia desenhada por Chagall é uma obra-prima, onde várias ilustrações do “D. Quixote” são históricas. Ontem encontrei Herberto Hélder com desenhos de Diniz Conefrey “Os labirintos da água”. É uma obra maestra de 2006 que fui buscar a uma livraria especializada em banda desenhada, em Coimbra. Mas surpresa é não terem o que mais me fascina: os Pop-Up. Os livros onde através de recortes, fios, elásticos, pauzinhos, gavetas, envelopes, harmónios, se constroem páginas de uma surpreendente 3 D. Conta-se uma história que fascina uma criança enquanto os bonecos, as casas, as árvores saltam do papel. Se o menino é demasiado pequeno atira-lhe com as “gadúnfias” (vulgo mãos) e dá cabo das páginas. Se é irrequieto e curioso pega nos artifícios e eles nunca regressam à posição original. Os pop-up deviam ser o Natal dos adultos e deviam existir como joias, como livros de oferta caros e únicos. Como o origami, estes livros consistem em burilados modos de dobrar e arrumar papel. São estruturas vivas quando as mãos movem as páginas e deviam ser proibidos a crianças devastadoras, ou a adultos de dedos grossos e impúdicos. Os pop-up são a mais pura magia da ilustração e deviam ser preservados como joalharia, relojoaria. Contar as histórias e a História com pop-ups e colocar a coleção nas estantes deve ser um fim nos Natais ou nos aniversários de amigos. Um jornal em pop-up de onde sai uma cara de um artista, ou onde se levanta a equipa governamental ou do clube que nos agrada, seria surreal. A criança que há em mim adora esta utilização do papel quer em ilustrações, quer em rebuscados pop-ups. Mas um pornográfico em pop-up nunca vi e que permitia alguma insensatez – lá isso permitia. Sei bem a quem os oferecia.

Por: Diogo Cabrita

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