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Substituição: sim ou não?

Menos que Zero

Os alunos do Ensino Secundário continuam a manifestar-se contra o Ministério da Educação por causa das aulas de substituição. Segundo dizem, os professores substitutos limitam-se a ocupá-los com jogos e passatempos sem interesse por não dominarem as matérias da disciplina substituída por falta do docente.

Embora tenham alguma razão no que dizem, penso que as críticas estão mal direccionadas. Talvez o Ministério tenha alguma culpa por não ter antecipado o desfasamento entre as legítimas aspirações dos alunos e o conteúdo ministrado nas aulas de substituição, mas quem pode, e deve, resolver o problema são os Conselhos Executivos das escolas.

Admitindo que é impossível fazer uma escala de professores substitutos para todas as disciplinas, parece-me que talvez não seja complicado organizar actividades que complementem a formação cívica dos alunos. No ensino profissional, por exemplo, existe uma disciplina transversal a todos os cursos que se chama Área de Integração. cujo conteúdo programático é o seguinte: Pessoa e Cultura; A comunicação e a construção do humano; Estrutura Familiar e Dinâmica Social; A gestão dos recursos e a defesa do ambiente; A União Europeia; A construção da democracia; A região, sub-sistema do sistema nacional; Da construção do mundo à estruturação do nosso sistema solar; Toxicodependências; A Experiência Religiosa como afirmação de um espaço espiritual no mundo; O Mundo Empresarial; Os conflitos no mundo; A sexualidade humana.

Parece-me um conjunto de matérias de grande interesse e qualquer professor, independentemente da sua área de formação, deve ter capacidade para ministrar qualquer um destes módulos. Eu diria mais: os Conselhos Executivos deveriam preparar os conteúdos programáticos para estes módulos e distribuí-los no início do ano a todos os professores da escola, preparando-os desta forma para qualquer eventual substituição. Era uma boa forma de ocupar as aulas em falta, contribuindo ainda para a formação cívica desta geração.

Com as taxas de leitura de jornais em queda e os pais cada vez mais concentrados nas suas actividades laborais, a escola tem de reforçar o seu papel formativo, dando mais atenção às questões relacionadas com a cidadania. Não havendo espaço para a integração de novas disciplinas nos currículos, parece-me que as aulas de substituição poderiam ser um espaço privilegiado para a formação cívica dos estudantes.

Por: João Canavilhas

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