Entrevista a Paulo Langrouva, Presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo
P- As amendoeiras em flor estão de regresso, qual é a novidade deste ano em Figueira de Castelo Rodrigo, autodenominada “Rainha da Amendoeira em Flor”?
R – O património natural com a sua beleza paisagística proporcionada pelas amendoeiras em flor nos campos verdejantes são motivos mais que suficientes para atrair turistas e visitantes ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Porém, como pretendemos criar “experiências” e “sensações” diferentes a todos quantos nos visitam, criámos um cartaz recheado de múltiplas atividades temáticas destinadas aos vários públicos-alvo – jovens e seniores, com o intuito de lhes proporcionar grande animação, boa disposição e a degustação dos nossos produtos endógenos.
P – Qual é o impacto económico das amendoeiras em flor no concelho?
R – Considerando a elevada adesão de produtores locais e nacionais que comercializam múltiplos produtos, depreende-se que o retorno que advém desta e outras iniciativas semelhantes é compensador e aliciante para os mais diversos produtores e comercio local. Saliente-se que, enquanto no ano transacto aderiram sensivelmente 25 expositores, no ano corrente teremos 34 expositores, sinal claro e evidente de que há interesse em participar nas festas da amendoeira em flor. Portanto, considero que iniciativas desta natureza são essenciais para criar sinergias locais próprias que dinamizam a economia local e promovem a região e o que de melhor se produz nestas terras, atualmente denominadas de territórios de baixa densidade mas de elevado potencial.
P- Continuam a receber muitas excursões? Mais portugueses ou espanhóis?
R – Sim, efetivamente continuamos a assistir a um elevado fluxo de excursões que afluem a estes territórios para se deleitarem com a magnífica e inconfundível paisagem florida, de extensa área de amendoal que, nos meses de fevereiro e/ou março, deliciam todos quantos nos visitam, tornando-se um verdadeiro “postal de visita” que mobiliza muita gente. Os turistas portugueses continuam a superar o número de turistas espanhóis, predominando os turistas provenientes do norte do país, pois a tradição mantém-se no que concerne à proveniência da zona geográfica do país, donde se verifica maior fluxo de turistas que gostam de visitar o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo nesta época do ano.
P- O facto de esta ser uma altura de muitas festas na região acha que pode de alguma forma afastar visitantes que acabam por optar por outros concelhos?
R –Todo o território, a região, tem um grande potencial, ao nível deste património, que é o património natural, naturalmente cada um com suas particularidades. Nestes termos, cabe a cada município, de per si, gizar a sua agenda cultural e estratégia, no sentido de otimizar estas potencialidades e coloca-las ao dispor dos visitantes, e por conseguinte divulgar e promover o respetivo concelho, e bem assim, tornar a sua economia e dinâmicas locais mais acutilantes.
P- Como está a plantação de novas amendoeiras, nomeadamente na Marofa?
R-Já no ano passado, o município promoveu a plantação 600 amendoeiras na encosta da serra da Marofa, e estamos prestes a plantar mais 600, por forma a enriquecer e valorizar o património natural. Paralelamente, encontra-se em consulta pública, um Regulamento, denominado “Figueira + verde” que entre outros apoios, também apoiará e incentivará a plantação de amendoal.
P- Qual é a estratégia do Município para o Turismo e atração de visitantes ao concelho este ano?
R – A estratégia passará, invariavelmente, por colocar este património natural, aliado ao património cultural, histórico e religioso, bem como ao património gastronómico, ao dispor de quem nos visitará, tudo isto, aliado a um cartaz de eventos, transversais, desde desportivos, culturais e lúdicos. De notar, que o município, no que concerne à historia e cultura, iniciará em breve a execução da obra do Centro de Interpretação da Batalha de Castelo Rodrigo e ainda a Construção do Centro de Ciência Aberta – Observatório de Astronomia, em Barca d´Alva, dando assim, um novo impulso aquilo que é a prossecução das politicas de divulgação e dinamização turística do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo e da região.
P- Acredita que a linha do Douro, que foi considerada como a melhor opção para ligar Portugal à Europa, em caso de interrupção da Linha da Beira Alta, poderá vir a ser requalificada? E acha que Espanha poderá vir a assumir os custos da parte Espanhola nesse sentido?
R – No meu ponto de vista, o vislumbre da requalificação da Linha do Douro é, de facto, uma expetativa muito promissora desde logo no quadro da dinamização do território, quer em termos económicos, quer no panorama turístico da região. Barca d´Alva situa-se no limiar do rio Douro nacional e enquanto a linha se encontrava operacional assumia-se como um polo de dinâmicas comerciais de valor incomensurável para o concelho. Hoje, afigurando-se a possibilidade da reabilitação da linha, não tenho dúvidas que consubstanciará uma mais-valia para o turismo do Douro, onde capitalizarão os territórios circundantes. Quanto aos custos, sou da opinião que também Espanha terá todo o interesse em assumir os custos da intervenção no seu território, até porque esta linha poderá ser uma alternativa bastante viável na ligação de Portugal a Europa, como outrora já foi.
P- Sendo essa linha, para além da relevância em termos de ligação a Espanha, um eixo de grande interesse turístico o que mais pode fazer a autarquia?
R – Neste sentido, e como medida proactiva, à luz de uma candidatura conjunta com a Diputación de Salamanca, o município pretende efetuar a limpeza e melhoramentos junto à linha, no que concerne aos quilómetros integrantes do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.
P- Qual é a importância do cais de Barca d’Alva em termos turísticos?
R – Considerando o grande fluxo turístico que entra no concelho pela via fluvial, o cais de Barca D’Alva é de incomensurável importância, até porque é o último cais da navegabilidade do Douro em Portugal, a partir do qual já entramos no Douro Internacional.
P- E do futuro Observatório?
R – Como referi anteriormente, o Observatório de Astronomia será executado em breve e iniciará ainda este ano o seu funcionamento, permitindo assim uma nova oferta a quem nos visita. Constituirá, paralelamente, um polo dinamizador da estratégia educacional e cultural, tendo sido para o efeito celebrado um protocolo com a Universidade de Leiden, na Holanda, com vista a elaboração de intercâmbios de cariz científico, que permitirá criar sinergia com a comunidade científica europeia.
