«O PS deseja uma maioria estável para governar e que permita aplicar uma estratégia e um projecto coerente para que o país não passe por mais um ciclo de instabilidade», pediu Sócrates no último sábado na Covilhã, local onde deu o “pontapé de saída” a caminho de S. Bento.
Depois de ter tomado um café com o pai Fernando Sousa Pinto no “Verdinho” na Praça do Município, o secretário-geral do partido da rosa percorreu as ruas da Covilhã a caminho do Oriental de S. Martinho onde foi homenageado com uma medalha a propósito dos 50 anos do clube, marcando assim o arranque da sua campanha pré-eleitoral para as legislativas de 20 de Fevereiro. À sua espera estavam dezenas de populares e militantes, que o aguardavam ao final da tarde em frente à Câmara da Covilhã com bandeiras socialistas, gritando “Viva Sócrates” e “Já é Primeiro-Ministro”. Palavras de afecto que, de resto, não são de estranhar na terra natal do secretário-geral do PS, o qual respondeu com abraços, cumprimentos e beijinhos enquanto passeava numa espécie de “visita relâmpago” dada a pressa em que caminhava. «Uma pressa que a minha vida exige», justificou-se no Oriental de S. Martinho, dado que ainda iria visitar a Feira de Turismo na Anil, encontrar-se com militantes no Fundão e reunir com mais de mil socialistas num jantar em Castelo Branco.
Para Sócrates, o apoio da região deve-se «à consciência de que honrei sempre aquilo que prometi e que sempre fui fiel a esta terra e distrito», frisou perante as dezenas de apoiantes na sede do Oriental de S. Martinho durante a homenagem, referindo que «os políticos não se valorizam em função do número de promessas, mas por aquilo que cumprem. E eu nunca defraudei aquilo a que me comprometi», sustentou, num discurso eleitoralista a pensar no próximo sufrágio. «A Covilhã ensinou-me muito. Se há um compromisso comigo próprio é o da fidelidade aos valores a que fui educado aqui», continuou, prometendo estar «sempre à altura das responsabilidades» se for eleito Primeiro-Ministro. «Darei o meu melhor para servir Portugal e os portugueses. Sei qual é o meu dever e vou procurar cumpri-lo», garantiu, assegurando que o PS «enfrentará sozinho as eleições».
Ainda antes de conhecer a decisão do Governo liderado por Pedro Santana Lopes se demitir, Sócrates aproveitou ainda para apoiar o Presidente da República por ter dissolvido o parlamento, acusando a maioria PSD/PP de «não ter conseguido aproveitar a oportunidade que o Presidente da República (PR) deu». «Ao fim de quatro meses foram tantas as descoordenações, a falta de sentido de Estado, os episódios de desorientação no governo que o PR não tinha outra atitude a tomar que não fosse a de interromper um ciclo de instabilidade que estava a prejudicar os interesses de Portugal, a confiança dos portugueses, a recuperação da economia do país e o prestígio das instituições democráticas», completou, acusando uma «governação falhada e sem rumo». Já em Castelo Branco, e após conhecer o discurso de Santana Lopes, o secretário-geral do PS teceu duras críticas ao executivo da coligação, acusando de ser «uma governação sujeita aos humores do momento e aos caprichos de quem governa». Durante o seu discurso, Sócrates acusou ainda esta maioria de ter afastado Portugal da média europeia. «No final de 2001 tínhamos 71 por cento do rendimento per capita da média europeia, agora temos 66 por cento. Um governo é bom quando nos aproxima da média europeia, um governo é mau quando nos afasta da média europeia. E com este Governo, Portugal andou para trás e regressou à cauda da Europa», referiu. Sócrates garantiu ainda que irá encabeçar a lista de deputados por Castelo Branco e prometeu que caso o PS seja Governo irá manter a A23 «sem portagens entre Lisboa e a Guarda».
Liliana Correia