Antigo primeiro-ministro reitera, em carta divulgada pela SIC e “JN”, que a acusação «é totalmente absurda, totalmente infundada e totalmente injusta» e que a justiça cometeu «um erro monstruoso».
O antigo primeiro-ministro não tem dúvidas de que está preso sem razões e que o objetivo do Ministério Público é impedir a vitória do Partido Socialista nas próximas eleições legislativas.
Num artigo de opinião enviado para a SIC e publicado hoje no “Jornal de Notícias”, José Sócrates revela ainda que o antigo procurador-geral da República do Paquistão, Makhdoom Ali Khan, que comprou a sua casa em Lisboa, também está a ser investigado. «Ao fim destes longos nove meses, creio que é tempo de todos tirarem uma conclusão: fui preso sem que existissem quaisquer provas contra mim. A interpretação mais benigna, embora ainda assim intolerável, é a de que me prenderam para investigar. Mas há outra. À medida que o tempo passa, cresce a legítima suspeita de que este processo tem como verdadeira motivação condicionar as próximas eleições e impedir a vitória do PS», lê-se na carta.
Num documento com cinco páginas A4, Sócrates insiste que a sua acusação «é totalmente absurda, totalmente infundada e totalmente injusta» e a justiça cometeu «um erro monstruoso». O ex-chefe de governo garante que não está surpreendido que não tenham sido encontradas provas para o incriminar, pois estas não existem. «A investigação não foi capaz de, em todo este tempo, de apresentar uma única prova, e muito menos uma prova consciente, de qualquer crime que me possa ser imputado! Não é nada que me surpreenda».
Para José Sócrates, a investigação de que está a ser alvo «goza de um benefício de dúvida», ao contrário do que acontece com o réu. A opinião pública «mais crédula» admite que o processo «possa conter alguma prova ainda não divulgada e que tenha conseguido escapar às constantes “fugas” ao segredo de justiça», enquanto os magistrados das instâncias superiores validaram a prisão «porque, face ao que está em jogo, tendem a conceder à investigação uma tolerância inadmissível num processo justo».
José Sócrates revela ainda nesta carta, assinada a 15 de agosto, que o antigo procurador-geral da República do Paquistão, Makhdoom Ali Khan, está a ser investigado pelo Ministério Público pelo simples facto de ter comprado o imóvel no edifico Castilho-Heron, em Lisboa, que pertencia ao antigo primeiro-ministro.
«O Ministério Público ordenou uma investigação a um cidadão paquistanês pelo facto deste ter decidido comprar um apartamento. A única razão parece residir no facto desse apartamento ter sido meu. Já não se trata, apenas, do respeito que deve às pessoas e aos seus direitos, mas de perder o respeito que o Ministério Público deve a si próprio», escreve Sócrates no final da carta.