«Na Covilhã, a partir de hoje, “dinossauros” só no museu», disse Vítor Pereira num discurso inflamado após ser confirmada a sua vitória por maioria absoluta na autarquia. As eleições de domingo ditaram um dos melhores resultados de sempre dos socialistas para a Câmara.
A reeleição de Vítor Pereira chegou a ser posta em causa devido à recandidatura de Carlos Pinto, ex-presidente da Câmara, e ao aparecimento de Adolfo Mesquita Nunes (CDS/PP), uma novidade que prometia fazer balançar as contas. No entanto, contabilizados os votos, os socialistas obtiveram 46,41 por cento (13.437 sufrágios), o que lhes valeu a conquista de cinco mandatos em sete no executivo, ou seja, uma maioria absoluta. «Há 35 anos que um autarca socialista não era reeleito na Covilhã», afirmou Vítor Pereira, para quem este resultado «demonstra que as pessoas reconheceram o nosso trabalho». Com uma maioria clara, o presidente reeleito considerou que isso não será impeditivo de trabalhar com a oposição: «Esta maioria absoluta não significa que vá silenciar as oposições, eu quero ouvir as oposições», disse. No entanto, avisou que «precisamos de uma oposição construtiva. Isso é fundamental».
Logo atrás do PS ficou o movimento independente “De Novo Covilhã”, liderado por Carlos Pinto, que não foi além dos 18,16 por cento e 5.257 votos. Uma votação que permitiu eleger um vereador. Se a performance de Vítor Pereira e de Carlos Pinto causaram surpresa, por motivos diferentes, menos histórico não foi o resultado conseguido pelo CDS/PP. Pela primeira vez os centristas elegeram um vereador na Covilhã. O ex-secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes obteve 15,10 por cento da votação, que corresponde a 4.371 votos, e lhe vale um lugar na vereação. «Aumentámos 500 por cento a votação do CDS, é um resultado histórico», considerou o cabeça-de-lista, para quem estes números «responsabilizam-nos perante os covilhanenses». Adolfo Mesquita Nunes acrescentou que estas eleições provaram que «as pessoas não estão satisfeitas com as políticas que têm vindo a ser seguidas» e garantiu que ficará no executivo «como vereador, a fazer política positiva».
PSD, CDU e BE sem representação no executivo
A história faz-se de vencedores e vencidos e à semelhança do que aconteceu a nível nacional, também na Covilhã o PSD, que concorreu coligado com o PPM no movimento “Vontade de Mudar”, saiu derrotado. A candidatura de Marco Baptista foi a quarta força mais votada, com 7,37 por cento e 2.135 votos. Em consequência, e pela primeira vez, o PSD não terá nenhum vereador no executivo municipal. Atrás ficaram a CDU (6,21 por cento) e o Bloco de Esquerda (2,18 por cento).
Com cerca de metade dos votos obtidos em 2013, a CDU perdeu um vereador e também um lugar na Assembleia Municipal. «Não foi para este resultado que trabalhámos», admitiu Mónica Ramôa, que, no entanto, destacou a vitória da coligação na freguesia da Boidobra, sem maioria absoluta, e a votação no Tortosendo. Segundo a candidata, o resultado para a Câmara da Covilhã deve-se «a uma deslocação de votos. Há um regresso ao passado que as pessoas quiseram travar», disse. A mesma opinião partilha João Corono, do Bloco de Esquerda, que não escondeu a «surpresa» com o resultado do PS. «Tratou-se de um voto útil, os covilhanenses pretendiam uma derrota de Carlos Pinto», afirmou o cabeça-de-lista, considerando que os resultados do BE ficaram «aquém das expetativas». Na sua opinião, «o PS tem responsabilidades acrescidas» neste novo mandato.
A abstenção diminuiu em relação a 2013 (42,22 por cento), mas continua elevada, tendo-se registado com 38,14 por cento. O novo executivo camarário será constituído por Vítor Pereira (presidente) José Armando Serra dos Reis, Regina Gouveia, José Miguel Oliveira e Jorge Gomes, eleitos pelo PS; Rui Lourenço (De novo Covilhã) – Carlos Pinto disse na campanha que só concorria a presidente e não deverá assumir lugar – e Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP). A Assembleia Municipal, que será liderada por João Casteleiro, terá 11 elementos do PS, quatro do movimento “De Novo Covilhã”, três do CDS/PP, dois da coligação “Vontade de Mudar” e dois da CDU.
Ana Eugénia Inácio