Cinco raciocínios e convicções. 1- Não percebo porque a convidaram para um evento de tecnologia. Talvez fizesse sentido chamar Mèlenchon (França) ou Narendra Modi (Índia) que se projetaram em hologramas nas campanhas políticas carregadas de gestão informática. 2- Qualquer político sem relevância nos temas deveria estar de fora. Importava ter gente que projetou ideias que demonstraram resultados indiscutíveis após a criação de opções tecnológicas. Faz todo o sentido ouvir Garry Kasparov após os seus livros e a exposição à humilhação dos computadores contra os mestres. 3- Faria bem ouvir os que fracassaram a par dos que tiveram sucesso. A aprendizagem com os erros é de primordial importância na caminhada das empresas. 4- A importância da Web Summit é sobretudo turística e portanto os partidos deviam procurar temas menos focados naquele universo onde existem milhares de pardais que desconhecem a função dos partidos. No passado foi o lugar onde comiam que deu brado nas touradas, agora são as pessoas convidadas. Se uma Le Pen lá aparecer, a maioria não sabe quem é, nem o que diz. Vivem noutra dimensão onde o imaterial, a ganância, o sonho, os telemóveis, o Instagram e as falsas verdades se propagam à velocidade da luz. Eles confundem passado e presente porque o agora é o que está a surgir na rede. Não gostam da Web Summit? Cortem a luz naqueles dias e deixam milhares sem saber que fazer. Eles não saberiam viver sem a eletricidade nos fios e a net nas torres.
Importante é garantir que toda esta gente passa dias bons por aqui, não é roubada por vigaristas em bares, restaurantes, imobiliárias e não vê os preços subirem exponencialmente. Um primo que caminhou de Bissone a Portugal refere que o pior lugar para gastos é Portugal e o pior para caminhar é de novo Portugal. Isto afasta as pessoas e elas, sobretudo estas da Web Summit, escrevem tudo na net e leem e procuram tudo na net. Importante é também definir os limites da liberdade e os padrões dos comportamentos públicos razoáveis. Não devemos urinar nos passeios, não devemos coçar o sexo na esplanada, não devemos demonstrar às lambidelas afetos hétero e homo nas ruas da cidade. Não carecemos de gritar pela noite a demonstrar felicidade ou enfado. Depois de clarificar que a liberdade tem limites temos de saber que o de opinião não pode ser reduzido. Não se deve dizer todo o tipo de toleimas, não se devem gerar insultos às paletes, mas a liberdade de falar na nossa vez sem interrupção é fácil de permitir e não causar dano. Já o tempo que se fala deve ser limitado para verborreicos como eu, ou falaria sem travão. Se Le Pen for à Web e falar numa sala cheia fico preocupado com a sanidade mental deles. Se falar numa sala vazia fico satisfeito e sorrio, se a impedirem de falar fico zangado e aborrecido. Todas as opiniões devem ser permitidas, mesmo as barbaridades de esquerda e de direita.
Para mim, muito mais premente que a liberdade é a distribuição equitativa dos bens, a construção do rendimento mínimo garantido, a presença de estruturas sociais que reduzam a miséria, a luta contra a pornografia de salários principescos no Estado e fora dele, a luta contra as fortunas imedidas, a luta contra a fome, a imediata capitalização dos países que geram migrantes para evitar que saiam por fome e ausência de trabalho. Quero ingerência nas políticas que criam miséria e permitem déspotas e perpetuam lideranças. Todos devem sair no seu tempo certo e nunca ficarem mais de dez anos numa governação. A Le Pen é um “fait divers” dos que alguma esquerda adora para fazer furor e demagogia, além de revelar sempre a sua tendência totalitária para abafar quem se lhe opõem.
Por: Diogo Cabrita