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Síntese, nome de ciclo e de grupo

Grupo de Música Contemporânea da Guarda estreou-se na semana passada no festival homónimo

O mais recente grupo português que se dedica exclusivamente à música contemporânea nasceu na Guarda e deu-se a conhecer na semana passada, antes do concerto de estreia no “Síntese – Festival de Música Contemporânea da Guarda”.

A formação adoptou o nome do evento, que co-organiza com o TMG, e é composta por músicos bem conhecidos do público guardense, como Domenico Ricci, Carlos Canhoto, João Delgado, Hugo Simões, Jorge Pires, Helena Neves e Márcia Cunha, entre outros. Na conferência de imprensa de apresentação do projecto ficou claro o carácter inovador do Síntese. «Os grupos que se dedicam ao reportório de música contemporânea em Portugal contam-se pelos dedos de uma mão», sublinhou Helena Neves, um dos seus elementos, enquanto Dommenico Ricci resumiu a formação a uma «plataforma criativa», onde intérpretes interagem com compositores. «O seu reportório tem como porto de abrigo as referências clássicas da contemporaneidade musical, mas parte à conquista de novos universos sonoros, estimulando nos compositores a criação de nova música, através de novas mestiçagens para timbres tradicionais», refere o pianista.

Mas o presidente da Associação Síntese – Grupo de Música Contemporânea revelou também que esta plataforma é «aberta e modulável: do instrumento solo à pequena e pouco ortodoxa orquestra de câmara, todas as hipóteses são possíveis – até a hipótese electro-acústica». Paralelamente a esta actividade concertista, o grupo quer acrescentar uma componente pedagógica ao seu trabalho e, por isso, vai desenvolver algumas oficinas e “masterclasses” durante o próximo ano. «Queremos aproximar o público da música contemporânea, que normalmente é vista como algo de estranho», acrescentou Dommenico Ricci. Entretanto, o festival prossegue esta noite com o Quarteto S. Roque (primeira parte) e o Trivium (segunda parte). O primeiro grupo apresentará a obra “…dnp…” (2004), do compositor César Viana (n. 1963). António Martelo e Cristina Almeida (violinos), João Pedro Delgado (viola d’arco) e Ricardo Mota (violoncelo) são o Quarteto S. Roque.

Mais surpreendente é o Trivium. Situado na esfera da música erudita, este trio apresenta uma combinação sonora pouco usual nesta área – única em Portugal: voz, saxofone e piano. A voz mezzo-soprano de Helena Neves, os saxofones de Carlos Canhoto e o piano de Domenico Ricci dialogam numa viagem pelas diversas influências que deram forma a um reportório. Neste concerto, o Trivium interpretará, numa estreia absoluta, o tema “Deconstructing (Beethoven’s) Pastorale”, do compositor Helder Filipe Gonçalves.

Luis Martins

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