Arquivo

Sindicato desmente ministro

Após reunião com a administração, coordenador do Sindicato dos Metalúrgicos disse que não serão criados novos postos de trabalho em Castelo Branco

O Sindicato dos Metalúrgicos dos Distritos de Aveiro, Viseu e Guarda desmentiu, na terça-feira, as declarações de Manuel Pinho sobre a Delphi. «O sindicato de Castelo Branco e a administração da empresa desmentiram que sejam criados mais postos de trabalho naquela fábrica, pois esse processo parou em Dezembro de 2006», disse Júlio Balreira.

Para o coordenador sindical, «mais valia que o ministro da Economia estivesse calado, porque quando abre a boca só diz asneiras», desafiando o Governo a encontrar os mecanismos para aplicar na Guarda os fundos disponibilizados pelo presidente da Comissão Europeia. «Lamentavelmente ainda não ouvimos falar o ministro do Trabalho sobre esta matéria», constatou. Aquele sindicato defendeu, numa reunião com a administração da Delphi, o pagamento de indemnizações «um pouco acima do estipulado na lei» aos trabalhadores despedidos. A organização sindical mais representativa na fábrica da Guarda-Gare apelou também para que não se dispensem casais e famílias inteiras «ao mesmo tempo». Contudo, os responsáveis da empresa não assumiram qualquer compromisso e agendaram novo encontro para hoje. Em conferência de imprensa, Júlio Balreira, o coordenador do Sindicato dos Metalúrgicos, considerou que conceder «dois meses por cada ano de trabalho seria uma boa base de cálculo para as indemnizações», acrescentando que a administração prometeu analisar o caso.

Quanto aos critérios que vão nortear as saídas, o sindicalista pediu aos responsáveis da Delphi para que tenham em conta «o impacto social que resultará do despedimento de casais e famílias ao mesmo tempo», pois «não há emprego na região e muito menos alternativas de trabalho». Entretanto, as mudanças de turno vão ser aproveitadas para realizar plenários com os trabalhadores. O primeiro aconteceu à meia-noite de terça-feira e o segundo às sete da manhã de ontem. «Há uma grande desmotivação e preocupação quanto ao futuro», constatou o dirigente, que desconfia da continuidade da empresa na Guarda. «Foi-nos dito que estão a tentar conseguir novos contratos para depois de 2007, mas parece-nos que não teremos boas notícias a médio prazo», receia. Júlio Balreira disse ainda ter solicitado ao presidente da Câmara da Guarda para que não viabilize «qualquer alteração ao Plano Director Municipal naquela área nos próximos anos», de forma a impedir a especulação imobiliária.

Mas há outro problema em perspectiva na Dura, empresa de componentes automóveis que emprega mais de 200 pessoas em Vila Cortês do Mondego, nas proximidades da Guarda, e para onde está marcado um plenário amanhã. Em Espanha, o presidente do Governo, José Luis Zapatero, recebeu, na terça-feira, uma delegação dos trabalhadores da Delphi de Puerto Real (Cádiz), a quem garantiu que «nenhum trabalhador será despedido». Naquela localidade andaluza estão em risco 1.600 postos de trabalho com o anunciado fecho da fábrica local.

Sobre o autor

Leave a Reply