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Sinais contraditórios

A visita do ministro da Saúde a Seia veio consagrar uma evidente incongruência no que respeita à política de modernização do «parque hospitalar» do distrito da Guarda.

Assim, no caso de Seia, o ministro apresentou uma promessa de solução baseada em obras de completa renovação das instalaçôes agora existentes e que pertencem à Misericórdia. Os argumentos —independentemente de ter sido outro o compromisso eleitoral do PSD — são razoáveis e consistentes: é mais rápido(2006 estaria a funcionar); mais barato e mais simples de garantir uma vez que o seu financiamento (5milhões de euros), dependendo exclusivamente do PIDDAC, não obrigaria a um mecanismo tão complexo de concurso público caso se tratasse de tentar lançar uma parceria público-privado.

O que já não é consistente nem razoável é que aquilo que é apresentado como adequado para Seia não o seja para a Guarda.

Na verdade, também na Guarda existe um projecto de renovação e requalificação completos do actual hospital; também na Guarda é mais barato, rápido e racional prosseguir esse caminho,iniciado pelo anterior governo; até, na Guarda, já estavam adiantados os projectos e os estudos técnicos para a renovação e a ampliação do actual espaço hospitalar.

O que releva desta contradição é a certeza da existência de razões, do foro partidário, que têm tornado praticamente impossível aos decisores técnicos e políticos afirmarem a sua autoridade.

É óbvio que a deputada Ano Manso e aqueles que a acompanham se comprometeram, directa e pessoalmente, com a construção de um novo hospital para a Guarda,ao arrepio e em afrontamento com a autoridade legítima do ministro e do ministério da Saúde.

É óbvio, também, que no distrito da Guarda alguns dos aspectos positivos das reformas em curso no SNS podem ser completamente «abastardadas» se continuar a degradar-se e a partidarizar-se a gestão de recursos humanos a partir de interferências partidárias intoleráveis, particularmente em serviços como os de saúde.

O que se espera do ministro da saúde é que seja capaz de superar rapidamente estas contradições que além do mais significam piores serviços para os utentes e desperdício de recursos públicos. Passaram quase dois anos desde que o actual governo tomou posse. No que respeita aos hospitais de Seia e da Guarda não há mais tempo a perder.

Por: Joaquim Pina Moura

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