O ministro da Educação, David Justino, vai estar na próxima segunda-feira na Covilhã para assistir à sessão solene das comemorações dos 120 anos da Escola Secundária Campos Melo, que será distinguida com a medalha de ouro de mérito municipal. Trata-se do «reconhecimento local» pelo trabalho desenvolvido pela escola “Industrial” depois de ter sido distinguida em 1985 pelo Presidente da República de então, Ramalho Eanes, como “Membro Honorário da Ordem da Instrução Pública”, ressalva Isabel Fael, presidente do Conselho Executivo. Para esta responsável, a atribuição da medalha de ouro é um «incentivo» para fazer mais e melhor.
Já Maria do Rosário Rocha, vereadora da Educação na Câmara da Covilhã, considera importante reconhecer o «trabalho de mérito» de «todos os profissionais que passaram pela escola», uma vez que foi através deles que a cidade foi «reconhecida internacionalmente na qualidade dos tecidos», sustenta. Mas a insígnia «não é um reconhecimento só do passado, mas também do trabalho actual», ressalva, relembrando os bons resultados que a escola tem tido nos últimos anos no “ranking” nacional. Fundada em 1884 numa casa cedida por José Maria Veiga da Silva Campos Melo (patrono da escola), a Escola Secundária Campos Melo, na altura Escola Industrial da Covilhã, assumiu um papel importante na formação de técnicos especializados, principalmente no Curso Técnico de Tecelagem que só existia também na escola Infante D. Henrique, no Porto, sendo que aqui o curso era vocacionado para a tecnologia do algodão. É também à escola Campos Melo que se deve também a criação do ensino universitário na Covilhã, graças ao lançamento dos cursos Complementares do Ensino Técnico, que davam equivalência aos cursos do Ensino Liceal no acesso ao ensino universitário. A escola arrancou a 16 de Dezembro com 62 alunos: 13 nos cursos diurnos de Desenho Elementar e 30 nos cursos nocturnos de Desenho Industrial, 11 em Matemática e oito em Química. Hoje, a escola possui cerca de mil alunos divididos pelo terceiro ciclo de ensino básico e pelo ensino secundário.
Escola abre Museu em Outubro
É com a palestra “O Ensino Profissional em Portugal» que se iniciam as comemorações num ano repleto de colóquios e actividades que irão prolongar-se até 16 de Dezembro do próximo ano. Trata-se de um dia simbólico, pois foi quando se «leccionou a primeira aula», recorda Isabel Fael. Até lá, estão previstas as presenças de Jorge Sampaio, do ministro-adjunto do Primeiro-Ministro, José Luís Arnaut, do Bispo da Guarda, D. António dos Santos, do autarca covilhanense Carlos Pinto, do reitor da Universidade da Beira Interior, entre outras personalidades, como o professor Ernesto Manuel de Melo e Castro ou o pintor Rodolfo Passaporte. Mas entre Fevereiro e Junho, a escola vai organizar palestras sobre a língua portuguesa, as saídas profissionais, as artes plásticas e a evolução da indústria de lanifícios, havendo ainda espaço para várias actividades lúdicas e desportivas, como jogos florais, recitais de poesia, exposições, convívios com a Associação de Professores e Antigos Estudantes (APAE), cicloturismo e torneios desportivos. Em Setembro, a Campos Melo dedica um ciclo e um debate ao cinema, enquanto que o mês seguinte é dedicado ao património da secundária.
Aqui, destaca-se a assinatura do protocolo com o Museu de Lanifícios da UBI, que vai garantir a cedência dos teares, outros equipamentos e maquinarias de lanifícios propriedade da escola para aquele museu «a título de depósito». A abertura do Museu da Escola Secundária Campos Melo também será uma realidade a partir de Outubro, constituído pelo vasto património da escola preservado ao longo dos 120 anos de existência, como é o caso de equipamentos e materiais ligados às várias disciplinas ou de «desenhos e modelos de 1919», sublinha Isabel Fael. O objectivo deste espaço, que ficará localizado na antiga Oficina de Tecelagem, é poder proporcionar à comunidade escolar e ao público em geral todo o património da escola de forma «organizada». “Do património ao Museu: fios e desafios” será o tema da conferência dedicada a esta temática. Em Novembro, a direcção da escola abre a “Galeria dos Notáveis” para reconhecer e homenagear o patrono da escola e os antigos directores. As festividades terminam em Dezembro com um sarau cultural.
Liliana Correia
