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Serra da Estrela quer ser montanha de conhecimento

Projeto de investigação é mais um argumento para reforçar a candidatura da região serrana a Geoparque da UNESCO

O projeto “Serra da Estrela – Montanha de Conhecimento” foi apresentado na quarta-feira no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e é mais um argumento para reforçar a candidatura da região serrana a Geoparque da UNESCO.

Na sessão realizada na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) foi divulgada a Rede Nacional de Montanhas de Conhecimento, uma iniciativa de investigação promovida pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior cujo projeto-piloto vai arrancar nas serras de Montesinho, da Estrela e do Pico. A sua concretização será coordenada, respetivamente, pelos Politécnicos de Bragança e da Guarda, assim como a Universidade dos Açores. O objetivo deste trabalho é fomentar estratégias para alcançar o desenvolvimento sustentado destes territórios de montanha, reforçando o seu valor cultural, científico e económico. «A atividade científica em montanhas tem uma relevância económica, social, ambiental e cultural que urge promover no âmbito de políticas públicas associadas à promoção do conhecimento e do desenvolvimento regional, conjugando os objetivos do Programa Nacional de Reformas e do Programa Nacional para a Coesão Territorial», sustentam os promotores.

Neste debate, realizado no âmbito da candidatura da Serra da Estrela a Geoparque da UNESCO, foram abordadas algumas problemáticas sobre os espaços de montanha. A responsável pelo setor das Ciências na Comissão Nacional da UNESCO sublinhou, nomeadamente, que o envolvimento da população local é fundamental pois «um geoparque é para as pessoas e com as pessoas». Elisabeth Silva acrescentou que a Serra da Estrela tem tudo para conseguir essa classificação «mas tem de demonstrá-lo na candidatura», avisando que este processo «não pode servir de bandeira nas próximas autárquicas, é um trabalho de gerações». A responsável desafiou ainda os agentes locais a serem diferenciadores porque «a marca Geoparque Estrela vai ter que vender». Por sua vez, Helena Freitas, coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, afirmou que o Geoparque é «um dos projetos-âncora que temos que construir» nesta região porque este «é o grande momento de valorização do interior».

Já a secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior desafiou os territórios de montanha e os seus agentes a desenvolverem «projetos em rede, potenciando o conhecimento científico e o seu papel em torno das próprias populações». Maria Fernanda Rollo apelou ainda «à originalidade dos agentes locais na procura de soluções financeiras que garantam a prossecução dos projetos a desenvolver». E congratulou-se pela candidatura da Serra da Estrela a Geoparque Mundial da UNESCO: «Nós queremos que a Serra da Estrela seja Geoparque e vai sê-lo», sublinhou a governante. Em caso de aprovação, a Serra da Estrela será classificada «enquanto território de desenvolvimento sustentável, de conhecimento científico e de destino turístico». José Manuel Biscaia foi um dos intervenientes da assistência e chamou a atenção para o facto da região estar a desertificar-se: «Um geoparque sem pessoas não parece nada simpático, pelo que precisamos de pessoas», disse o autarca de Manteigas, para quem este projeto «já é uma maneira de fazer coesão». No final ficou ainda a garantia de que a região serrana vai ter um centro de Ciência Viva, devendo a sua localização ser acordada entre os nove municípios que integram a candidatura do Geoparque Estrela.

Luis Martins A Serra da Estrela vai ter um centro de Ciência Viva cuja localização será acordada entre os nove municípios que integram a candidatura

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