As sub-regiões da Beira Interior Norte, que congrega metade dos municípios do distrito da Guarda, da Serra da Estrela (Fornos de Algodres, Gouveia e Seia) e da Cova da Beira (Belmonte, Covilhã e Fundão) registaram, em 2008, níveis de competitividade muito inferiores à média nacional, mas apresentaram um desempenho muito melhor em termos de coesão e de qualidade ambiental. A conclusão é do último Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (ISDR), divulgado na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com esta análise, a Serra da Estrela é a Nomenclatura de Unidade Territorial III melhor classificada, já que é a primeira na qualidade ambiental e a quarta na coesão, o que compensa o último lugar em termos de competitividade. O resultado é um índice de 99 (a média nacional é 100). Pior desempenho têm as sub-regiões vizinhas, sobretudo a Beira Interior Norte (95), muito mal classificada na competitividade e na coesão, embora ocupe o oitavo lugar na qualidade ambiental. Já a Cova da Beira está no meio, com um índice de 97, fruto de estar acima da média nacional na coesão e na qualidade ambiental. Com este índice, o INE pretende avaliar o desempenho das 30 sub-regiões do país (NUT III) nas três vertentes do desenvolvimento – competitividade, coesão e qualidade ambiental. Os resultados não fogem da habitual fotografia de um país a duas velocidades, já que apenas três NUT superavam a média nacional.
A Grande Lisboa lidera o índice de forma destacada e está sempre acima da média nacional nas três componentes do desenvolvimento. Segue-se o Pinhal Litoral devido a «um desempenho acima da média nacional na coesão e na qualidade ambiental e próximo da média nacional na competitividade», refere o INE. Já o Minho-Lima surge em terceiro lugar por ter ultrapassado a média nacional na qualidade ambiental e registar um valor acima de 95 na competitividade e na coesão. Em termos gerais, o país parece partido ao meio em termos de competitividade, sendo o litoral muito mais competitivo do que o interior. No vetor da coesão, os resultados mostram maior equilíbrio sub-regional, apresentando o espaço continental central maior coesão que as sub-regiões continentais do Norte e do Sul e as regiões autónomas. Na qualidade ambiental, a fotografia territorial surge tendencialmente invertida face ao constatado para a competitividade, já que as sub-regiões do litoral apresentaram, em geral, menor qualidade ambiental.
O INE adianta que o ISDR baseia-se num modelo conceptual que toma o pulso ao desenvolvimento regional a partir de três componentes. O índice de competitividade pretende captar quer o potencial de cada sub-região para um bom desempenho (seja em termos de recursos humanos, seja no que respeita a infraestruturas físicas), quer o grau de eficiência na trajetória seguida (medido pelos perfis educacional, profissional, empresarial e produtivo) e, finalmente, a eficácia na criação de riqueza e na capacidade demonstrada pelo tecido empresarial para competir no contexto internacional. Já a coesão está associada ao grau de acesso da população a equipamentos e serviços colectivos básicos de qualidade, aos perfis conducentes a uma maior inclusão social e à eficácia das políticas públicas traduzida no aumento da qualidade de vida e na redução das disparidades regionais.
A qualidade ambiental procura captar as pressões exercidas pelas atividades económicas e pelas práticas sociais sobre o meio ambiente, os respectivos efeitos sobre o estado ambiental e as consequentes respostas económicas e sociais (seja em termos de comportamentos individuais, seja ao nível da implementação de políticas públicas).
Luis Martins
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