Arquivo

«Sem o envolvimento, entusiasmo e paixão dos sócios não haveria Rotary Club da Covilhã»

Cara a Cara – Jorge H. A. Saraiva

P – Como viu o facto de ter merecido a confiança dos restantes rotários para mais uma vez liderar os destinos do Rotary Clube da Covilhã?

R – Parecendo, à partida, uma resposta fácil, não o é, pois se, por um lado, sinto a alegria e a satisfação da confiança depositada em mim e na equipa que tenho a honra de liderar num ano tão emblemático como o do 50º aniversário, por outro sinto o peso da responsabilidade por tentar não defraudar essa mesma confiança, o que procurarei fazer com toda a minha equipa.

P – Quais são as prioridades para o mandato?

R – As prioridades não são propriamente novas, pois na essência perseguem sempre os mesmos princípios de contribuir para aliviar os males que assolam o mundo, numa perspetiva que serve de divisa ao nosso movimento “dar de si antes de pensar em si”, seja através dos nossos donativos para a Rotary Foundation, cujo projeto maior é a erradicação da Poliomielite do mundo. Ou através dos nossos donativos para a Fundação Rotária Portuguesa, apoiando os diversos programas de ajuda aos jovens com bolsas de estudo e dizendo presente sempre quando chamados a contribuir para as diversas solicitações de que somos objeto. Outra prioridade é promover a liberdade – orgulhamo-nos de ter sido antes do 25 de abril uma tribuna de livre expressão onde pontificaram homens de direita e esquerda, cujas reuniões eram vigiadas no antigo restaurante Solneve pela PIDE –, uma tradição que se mantém com reuniões de porta aberta ao livre pensamento e expressão sob as mais diversas temáticas.

P – A comemoração do 50º aniversário do clube vai ser um dos pontos altos do ano 2015/2016?

R – Vai ser um marco ímpar, pois celebrar 50 anos ao serviço da comunidade, sendo reconhecidos por esta, é algo digno de ser assinalado e sem querer citar todos os que fizeram e fazem este clube de serviço, relembro o envolvimento na fundação, desenvolvimento e consolidação da Universidade da Beira Interior, no campo político e empresarial, nominalizando-os a todos em Manuel Mesquita Nunes, único membro fundador vivo, que, pelo seu exemplo, deixaram e dão testemunho de um verdadeiro legado de vida e dedicação às causas da comunidade como “paladinos” da Beira Interior e das suas gentes e que merecem ser lembrados e celebrados cada um de “per si” e todos. É um ano emblemático onde procuraremos reunir o acervo documental disperso destes 50 anos para memória futura.

P – Continuar a lutar para a contribuir para a erradicação da Poliomielite do mundo é outra das prioridades?

R – Evidentemente não podemos baixar a guarda, agora que estamos na reta final. Aliás, a minha fotografia e o gesto da pequena distância que evidencia o meu indicador e o polegar, quer dizer mesmo isso, falta só um pedacinho para erradicar este mal do mundo.

P – Ainda falta muito para isso acontecer?

R – Falta sempre algo, enquanto houver conflitos no mundo e os governos ou poderes instituídos privarem os seus de acesso a recursos básicos como a água potável, a alimentação condigna e educação não é fácil sensibilizá-los para a necessidade de tomarem uma gota de um líquido que aquilo que pretende é vaciná-los. Veja-se o que o Estado Islâmico e os movimentos radicais dizem de nós e da nossa campanha de vacinação ao surto de poliomielite na Síria, onde a guerra civil agravou os problemas sociais com a consequente descida das coberturas das vacinas. Seguiram-se outras dando conta da transmissão daquele vírus selvagem em Israel e na Palestina, enquanto no Afeganistão, na Nigéria e no Paquistão continuavam identificados como países com poliomielite endémica. Só este ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o vírus propagou-se de três para 10 países: do Paquistão para o Afeganistão, da Síria para o Iraque e dos Camarões para a Guiné Equatorial, e o fluxo de refugiados pode levar a um nova vaga de infeção, mais quando os movimentos radicais nos impediram de vacinar 240 mil crianças e degolaram dois voluntários nossos que se dedicavam a esta tarefa.

P – Qual a importância da participação dos sócios nas atividades do clube?

R – Sem sócios não haveria clube. Sem o seu envolvimento, entusiasmo e paixão, este caminho de 50 anos, do qual apenas partilho os últimos 14, não poderia ter tamanho acervo do qual nos podemos orgulhar, pois tendo a consciência plena de que não correspondemos a tudo aquilo para que fomos solicitados, temos perceção de nos ter superado na nossa capacidade e vontade de servir e honrar a nossa divisa, assistindo as nossas gentes.

P – Como avalia o estado atual do clube rotário da Covilhã? E a nível nacional?

R – O Rotary Clube da Covilhã está, a exemplo de outros movimentos associativos, com problemas de envelhecimento, que, em minha opinião, deviam motivar mais pessoas a aproximar-se deste tipo de movimento porque teriam a possibilidade de conhecer e interagir com pessoas que foram verdadeiros líderes da sua área de intervenção e ainda são hoje repositórios de sabedoria e bem-fazer. No entanto, com algum hedonismo que se instalou na sociedade, as pessoas não querem assumir compromissos de serviço a terceiros e esse comportamento torna-nos menos “apetecíveis” de dar a cara a uma maior militância, chamar-lhe-ia em jeito provocatório, humanista.

P – O Rotary Club da Covilhã já foi contactado por pessoas com dificuldades económicas?

R – Como gostaria de lhe poder dizer que não. Mas a verdade é que os males dos homens e mulheres no mundo são muitos e, como tal, somos solicitados, por particulares e instituições para colaborarmos na tentativa de superação de dificuldades enormes e nalguns casos quase cruéis, para os que as sofrem e para aqueles que procuram num espírito de boa vontade ajudar a superá-las.

Jorge H. A. Saraiva

Comentários dos nossos leitores
Jorge Sampaio jsampaio@iol.pt
Comentário:
Um jovem que tenho o orgulho de poder chamar de amigo, cujo entusiasmos e seriedade são sempre capazes de formar boas vontades na pressecução de objectivis maiores e de quem a região e o país podem esperar grandes cousas
 

Sobre o autor

Leave a Reply