Cerca de meia centena de populares manifestaram-se na passada quinta-feira, em Seia, contra «o desmantelamento» de serviços e valências no Hospital Nª. Sra. da Assunção devido à saída de médicos. O protesto foi organizado pela Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Seia, que ficou a saber que a situação deve-se «essencialmente a questões financeiras».
Em causa está a possibilidade de dois oftalmologistas, dois psiquiatras, um dermatologista, um endocrinologista e um gastroenterologista deixarem o hospital senense. Segundo a comissão de utentes, a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, a que pertence o hospital de Seia, recebeu nesse dia dois dos seus representantes tendo assumido que «não descarta a possibilidade de extinção de valências/especialidades alegando essencialmente questões financeiras». Em comunicado divulgado após esse encontro, os responsáveis pelo protesto acrescentaram que «só mediante a provisão dos concursos para a ULS da Guarda e face ao dinheiro disponível para o preenchimento dos quadros médicos, é que é possível ultrapassar esta situação».
Contudo, o preenchimento de vagas na Guarda terá sempre prioridade face a Seia, pois «dispõe de melhores condições de atendimento e está relativamente perto» de Seia, refere a comissão de utentes. A informação prestada não tranquiliza os senenses, que não abdicam do acesso a serviços de saúde «com as suas competências e o investimento necessário e não o contrário». A comissão lamenta que «tudo não passe de uma questão economicista», já que a administração da ULS tem «de cumprir com os rácios orçamentais exigidos pelo Ministério da Saúde, sempre com prejuízo do Hospital de Seia». Este caso é, por isso, mais um que carateriza «de forma perfeita» a ação dos últimos governos de «contribuir e acelerar o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde em geral, e do Hospital Nª Sra. da Assunção em particular». O deputado do PCP David Costa já perguntou à tutela se prevê abrir concursos para a contratação de médicos para Seia mas ainda não obteve resposta do gabinete de Paulo Macedo.