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Seia faz ultimato ao Governo

Juntas de Freguesia admitem paralisar, Câmara ameaça provocar eleições e PSD já suspendeu todos os mandatos autárquicos até à construção do novo hospital

O ministro da Saúde diz que irá «quando puder» a Seia debater o caso do hospital. Luís Filipe Pereira, que esteve segunda-feira em Castelo Branco para assistir ao lançamento do concurso público para a construção do novo centro de saúde, reiterou a “O Interior” que ainda não há uma data definida para visitar o Nossa Senhora da Assunção, mas que avisará quando houver. «Quando digo uma coisa, eu cumpro. O assunto tem de ser discutido no local, mas de uma maneira calma, não é com debates nos jornais que resolvemos o problema», sublinhou o governante. Seia é que parece não estar disposta a esperar muito mais tempo e deixou um ultimato. As Juntas de Freguesia já admitem paralisar, a Câmara ameaça provocar eleições, o PSD suspendeu todos os mandatos autárquicos e a Assembleia Municipal pode reunir às portas do Parlamento caso o Governo não tome uma decisão.

O tema foi debatido segunda-feira numa sessão extraordinária da Assembleia Municipal, durante a qual foi aprovada por unanimidade uma moção, subscrita pelos 29 presidentes de Junta do concelho, que dá novo ultimato de 30 dias para que o Primeiro Ministro e o ministro da Saúde concretizem a construção de um novo edifício para a unidade hospitalar. Um prazo considerado «razoável» para os governantes decidirem, caso contrário, os presidentes de Junta ameaçam com o «abandono colectivo» das suas funções por forma «a paralisar toda a actividade das autarquias». Noutra moção, aprovada com o voto contra do PSD, os socialistas reforçaram a pressão e avisaram que irão exigir a convocação de uma Assembleia Municipal extraordinária em Janeiro à porta do Parlamento se as audiências de emergência solicitadas ao Presidente da República, Primeiro Ministro, presidente da Assembleia da República e líderes dos grupos parlamentares não se realizarem até ao final do ano. Posições extremadas na defesa de uma causa comum que não evitaram, no entanto, o surgimento de algumas divisões entre os dois principais partidos do concelho.

Divisões aumentam

«Se entraram unidos, desunidos saíram», explicou a “O Interior” um dos muitos senenses que assistiram ao debate. O PS manifestou a sua «profunda indignação» pela forma como o actual Governo tem tratado a questão do novo edifício do hospital Nossa Senhora da Assunção e recordou as «garantias» eleitorais do PSD e de Durão Barroso quanto à sua construção. Passados dois anos, o actual Governo «além de não corresponder às promessas efectuadas, ignora permanentemente este assunto, desprezando as gentes e as instituições do nosso concelho», constatam. Palavras que os social-democratas não gostaram de ouvir, sublinhando que o PS «não podia esperar que o novo edifício fosse construído num ano, quando não fizeram nada em seis». Como se não bastasse, os socialistas acusaram o PSD de fugir às suas responsabilidades políticas ao suspender todos os mandatos autárquicos. «Não é assim que se luta pelas coisas», ouviu-se da bancada rosa. Entretanto, Eduardo Brito anunciou que pretende continuar com a «diplomacia», mas desta vez junto do Primeiro Ministro, mas voltou a admitir a disposição em provocar eleições para que o assunto do novo hospital volte a estar na ordem do dia, como tema central de uma campanha eleitoral. E anunciou que será novamente candidato a concretizar-se este cenário.

Uma ameaça que já tinha sido colocada na última reunião do executivo como recurso final e «esgotada a diplomacia». O autarca quer saber, de uma vez por todas, que futuro está reservado ao hospital de Seia, lançando um desafio ao Governo: «Se não nos conseguem resolver o problema, deixem-nos pedir um empréstimo de 8 milhões de contos, que nós construímos o novo edifício para o hospital. Depois logo se verá como vai ser pago», propôs. De resto, o presidente já não tem dúvidas que «há um completo desprezo, para não dizer outra coisa, desde que este Governo tomou posse», avisando que «ninguém se demite por o Governo não fazer obra, o que está em causa é o tratamento do concelho de Seia. Esse sim poderá levar a uma atitude diferente», por isso os socialistas continuam nas suas funções. Mas para Tenreiro Patrocínio e o PSD a decisão já está tomada. A suspensão dos mandatos parece ser a solução «mais vantajosa» num combate que os social-democratas antevêem «duro». Por sua vez, Ana Manso, líder da distrital do PSD, veio deitar “água na fervura”. Após reunir na semana passada com Luis Filipe Pereira, a também deputada adiantou que as várias hipóteses de financiamento para resolver o problema do hospital de Seia estão a ser estudadas. «A solução deverá ser anunciada pelo ministro», adiantou, sem revelar datas.

Luis Martins

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