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Seia debate o “Tempo de Álvaro Cunhal”

Pacheco Pereira e Fernando Rosas entre os especialistas que participam nas VI Jornadas Históricas

Álvaro Cunhal é a figura central das VI Jornadas Históricas de Seia, programadas para o final da próxima semana no grande auditório da Casa Municipal da Cultura e promovidas pelo Arquivo Municipal. O líder histórico do PCP, que viveu naquela cidade grande parte da sua juventude, onde o pai, Avelino Cunhal, foi advogado e administrador do concelho no consulado de Sidónio Pais, é o pretexto para uma análise multidisciplinar do Portugal nas primeiras décadas do Estado Novo.

O “Tempo de Álvaro Cunhal”, que começa quarta-feira, vai abordar a sociedade, a política, a cultura, bem como o antagonismo situação/oposição, e apurar os contributos de uma geração nas mais diversas áreas da Lusa pátria de então. Este ciclo de colóquios começa com uma “viagem” de Luís Reis Torgal (Universidade de Coimbra) pelos “Caminhos políticos e culturais: da Primeira República ao 25 de Abril, do Modernismo ao Neo-Realismo”. Depois desta introdução, é a vez de António Pedro Pita (Universidade de Coimbra) apresentar “Bento Jesus Caraça nas coordenadas teórico-políticas do seu tempo”. Para a tarde estão agendadas as intervenções de Luís Costa Dias (investigador da Biblioteca Nacional de Lisboa) a propósito de “O ciclo histórico do Neo-Realismo e a autarcia do Estado Novo (1937-59); Teresa Cascudo (Universidade de La Rioja – Espanha) sobre a “Música de intervenção e Lopes Graça” e Nuno Rosmaninho Rolo (Universidade de Aveiro) que falará da “Arte dos regimes totalitários”. No dia 13, destaque para as conferências “Comunistas e republicanos ‘reviralhistas’ na luta contra a ditadura (1927-39)”, de Luís Farinha (director-adjunto da revista “História”; “Álvaro Cunhal e a criação cultural”, de Odete Santos (deputada do PCP); “O devir histórico e Abel Salazar e Álvaro Cunhal”, de Norberto Cunha (Universidade do Minho); “Álvaro Cunhal e a ‘refundação’ do PCP”, de Fernando Rosas (Universidade Nova de Lisboa); e “Os primeiros anos 60 e a viragem do PCP”, de João Madeira (Escola Secundária Padre António Macedo – Santo André). À noite, o filme “Cinco Dias e Cinco Noites”, de Fonseca e Costa, fecha o programa do segundo dia deste ciclo. As VI Jornadas Históricas de Seia terminam na sexta-feira (dia 14) com mais duas intervenções, João Arsénio Nunes, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, que falará de “Os anos de aprendizagem de Álvaro Cunhal (1931-39), e José Pacheco Pereira, deputado no Parlamento Europeu e autor de uma biografia do líder histórico do PCP, “Álvaro Cunhal: Uma Biografia Política; ‘Daniel’, o Jovem Revolucionário”, editada pela Temas e Debates em 1999. Álvaro Cunhal, um dos homens mais marcantes da vida política portuguesa, nasceu na freguesia da Sé Nova em Coimbra, no dia 10 de Novembro de 1913. Passou a sua infância em Seia, terra de seu pai, e mudou-se com a família para Lisboa aos onze anos. Em 1931, com dezassete anos, ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa, onde iniciou a actividade política. Nesse mesmo ano filiou-se no PCP e fez parte da Liga dos Amigos da URSS e do Socorro Vermelho Internacional. Esteve preso por diversas vezes, foi protagonista da famosa fuga do Forte de Peniche em Janeiro de 1960. Um ano depois foi eleito secretário-geral do PCP, viveu o 25 de Abril em Paris e regressou a Portugal cinco dias depois. Foi ministro sem pasta nos I, II, III e IV Governos Provisórios, deputado até 1992, altura em que se afasta do cargo de secretário-geral do PCP. Nesse ano é eleito pelo Comité Central para o então criado cargo de Presidente do Conselho Nacional do PCP.

Luis Martins

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