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Segurança

O hediondo crime de 11 de Março em Madrid deixou sequelas para além da carnificina. A três meses do início do Euro 2004 a psicose do terrorismo instala-se em Portugal. Entrámos em estado de alerta. E o pior de tudo é que os nossos dirigentes não inspiram confiança no modo como tratam as questões de segurança. Ainda antes do 11 de Março passou-se em Portugal um episódio paradigmático. Um jornalista para exemplificar a falta de segurança nos estádios entrou num deles com um revólver e perante os olhares distraídos dos seus companheiros de bancada puxou por ele e acendeu um cigarro com a maior das calmas. Interrogado sobre a facilidade de se entrar para um estádio com uma arma, Madaíl afirmou que a hipótese de se colocarem ou não detectores de metais iria ser alvo de estudo. É caso para dizer que pela amostra se vê tudo. Claro que os detectores de metais devem ser uma constante na entrada dos adeptos para os estádios.

Agora que o 11 de Março veio pôr o terrorismo na agenda é crível que as atenções se virem mais para os aspectos da segurança. Um exemplo disso mesmo é que já tivemos uma notícia que dava conta de que aviões “F16” vão sobrevoar as zonas próximas dos estádios desde duas horas antes do início dos Jogos. Parece que também os helicópteros do INEM irão estar no ar para qualquer emergência. Estas medidas sendo positivas parecem claramente insuficientes. Deveria haver um plano global de segurança que englobasse os transportes para os jogos e a eventualidade de ataques com armas químicas ou biológicas. E mesmo assim estas medidas poderiam não ser suficientes pois o alvo e a forma de actuar dos terroristas pode ser o mais variado possível.

Tendo por princípio que mais vale prevenir do que remediar e como condicionante o pouco tempo que falta para o início da competição há toda uma série de procedimentos que deveriam ser adoptados o mais rápido possível. Porque não seguir o exemplo da Grécia que pediu o apoio da Nato para os Jogos Olímpicos? Porque não começar o mais cedo possível a fazer um controlo mais apertado nas fronteiras? Porque não socorrermo-nos dos esquemas de segurança que foram postos em acção no Mundial da Coreia, já feito depois do 11 de Setembro? Porque não criar uma rede de informação eficaz que permita a todas as pessoas, vigilantes e atentas, comunicar rapidamente eventuais perigos?

Dizer que as medidas de segurança contra o terrorismo saem muito caras ao País não é aceitável. É a UEFA em última instância a entidade máxima responsável pela organização do evento. Sabe-se aliás os enormes proveitos financeiros que a UEFA tem retirado dos muitos negócios e interesses que gravitam à volta do futebol de alta competição. Está na hora de se exigir à UEFA, sem complexos de qualquer tipo, que seja ela a assegurar e a pagar a factura da segurança no Euro 2004. Para bem do futebol e dos portugueses. É que, ou há segurança ou ver um jogo com medo não deve dar prazer algum.

Por: Fernando Badana

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