Inaugurada há mais de três anos, a sede do Centro de Estudos Ibéricos (CEI) continua desocupada. A obra de recuperação do edifício principal da Quinta do Alarcão custou cerca de 250 mil euros, mas, para além de algumas reuniões, ainda não foi usada significativamente. Alexandra Isidro, coordenadora do CEI, considera tratar-se de uma situação «perfeitamente normal» e que a sua equipa ainda não está instalada «para não inflacionar os custos», sublinhando que o sucesso das actividades nunca esteve em causa por isso.
A candidatura à remodelação da Quinta do Alarcão avançou em três frentes: a sede do CEI, a nova biblioteca e os arranjos na área envolvente. Apesar da primeira pedra da sede do Centro ter sido lançada em Novembro de 2002, a obra só terminou três anos depois. Segundo a sua coordenadora, a sede só não foi ocupada na altura devido aos atrasos na construção da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, que será inaugurada no dia 27. «Aquela empreitada condicionou tudo o resto», justifica Alexandra Isidro. A decisão de manter a casa desocupada terá partido de Joaquim Valente, presidente da autarquia, alegadamente por ser entendimento da Câmara que toda a Quinta deveria funcionar como «um espaço de conjunto interligado». Esta simbiose prende-se também com a partilha de espaços. «Os dois edifícios são muito complementares. Em termos de salas para conferências ou actividades, vamos usar as da biblioteca», adianta Alexandra Isidro.
O casa da quinta foi reconstruída: um piso inclui o espaço para atendimento, secretariado e gestão de iniciativas do CEI e um pequeno escritório para coordenação; no piso superior haverá apenas duas salas de formação, com capacidade para pouco mais de duas dezenas de pessoas. Por isso mesmo, muitas das próximas conferências e colóquios poderão decorrer na sala “Tempo e Poesia” da nova biblioteca, com capacidade para cerca de 80 pessoas. «Tudo o que exceda essa assistência obriga-nos a recorrer a outros espaços, como o Teatro Municipal, o auditório da Câmara ou a sala da Assembleia Municipal», adianta a coordenadora do CEI. Ainda assim – e porque a falta de espaços nunca foi um problema para as iniciativas –, o motivo que mais terá pesado para a esta espera de três anos prende-se com a gestão de recursos humanos. «Não fazia sentido termos uma auxiliar, um segurança e uma pessoa para limpeza apenas para a sede, duplicando os custos de uma estrutura de coordenação local de três pessoas», argumenta a também chefe da Divisão Cultural da autarquia.
Como tal, os serviços de limpeza ser desempenhados por funcionários da biblioteca. Neste momento, a nova casa do CEI está «completamente equipada» e já recebeu algumas reuniões, garante Alexandra Isidro. Até agora a instituição tem estado instalada num gabinete dos Paços do Concelho, mas a sua responsável sustenta que a situação não pôs em causa o sucesso dos trabalhos realizados: «A missão do CEI não ficou diminuída, de todo. Aliás, se virmos as actividades desde 2005, não é por estarmos aqui [na Câmara] que deixámos de as fazer. O CEI não é um edifício, é um projecto imaterial, que tanto se pode desenvolver em qualquer sala como na sede», refere. Ainda assim, Alexandra Isidro acrescenta que «haverá mais-valias» com a mudança para a Quinta do Alarcão. Só ali poderá haver «um sentimento de pertença» e, em boa verdade, o pequeno espaço é maior que o actual, podendo até ser disponibilizado para outras entidades. A data da mudança definitiva é que ainda não está marcada, mas a responsável está convicta de que será «ainda este ano».
Igor de Sousa Costa