Menos de quatro anos depois de entregue à Polícia Judiciária (PJ) da Guarda, o novo edifício já está em obras. Mário Bento, director da instituição, confirma uma situação que não é nova, pois «as infiltrações foram detectadas logo no início, depois da inauguração». Até ao fecho desta edição, O INTERIOR não conseguiu obter resposta junto da Listorres, empresa responsável pela obra original e pelas sucessivas intervenções.
Na origem dos problemas pode estar a própria concepção do edifício, que previu muitos terraços. Uma situação que não é compatível com a severidade do clima da Guarda, alega Mário Bento. Segundo o responsável pela PJ, as deficiências verificaram-se logo depois da mudança dos inspectores da Rua General Pinto Monteiro, no centro da cidade, para o Bairro do Bonfim. Desde então, as manchas de humidade nas paredes e o levantamento de tacos do soalho passaram a ser uma realidade no quotidiano das instalações. Contudo, o director daquele organismo de investigação criminal ressalva que, ao longo de quase quatro anos, «não houve material de polícia danificado». Aos vários problemas encontrados no decorrer dos últimos anos seguiram-se as respectivas intervenções, que nunca chegaram a resolver a questão em definitivo.
As obras que agora decorrem obedecem a um caminho alternativo, apontado por um especialista da Universidade do Porto. O estudo e as obras efectuadas desde a detecção dos primeiros problemas têm sido suportadas pela Listorres, ao abrigo da legislação que obriga as construtoras a garantir a qualidade dos edifícios por um período de cinco anos e os encargos exigidos por eventuais problemas. Um aspecto que Mário Bento ressalva, pois «a empresa tem-se disponibilizado desde o início». Neste momento «está a ser feita uma intervenção cuidadosa, que tem de parar quando chove», concretiza Mário Bento, justificando a delonga das obras em curso.
O edifício que agora acolhe a PJ da Guarda foi inaugurado a 20 de Outubro de 2004 e foi nessa altura que Mário Bento foi nomeado coordenador do Departamento de Investigação Criminal guardense. Com mais de três mil metros quadrados em quatro pisos, os inspectores dispõem agora de mais do dobro do espaço que tinham na antiga sede. A obra teve um custo inicial de 2,2 milhões de euros (440 mil contos) e arrancou em Fevereiro de 2004.