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Sector dos lanifícios e confecções foi o mais atingido

União de Sindicatos de Castelo Branco aponta para o encerramento de cerca de 30 empresas e o desaparecimento de quatro mil postos de trabalho

De acordo com os dados da União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB), encerraram desde Agosto de 2001 cerca de 30 empresas e desapareceram cerca de quatro mil postos de trabalho no distrito. Uma situação que se antevia «há muito», diz o coordenador da USCB, Luís Garra, tendo em conta que «os sucessivos Governos não souberam aproveitar os fundos comunitários para adequar o aparelho produtivo aos desafios do futuro».

A situação mais complicada continua a viver-se no sector dos lanifícios e confecções. Segundo o sindicato, já encerraram ou «encontram-se paralisadas» 25 empresas em todo o distrito, sendo que é no concelho da Covilhã que se regista o maior número de empresas fechadas e a perda de 999 postos de trabalho. A maior parte ocorreu na fábrica de lanifícios “Nova Penteação”, cuja actual administração prescindiu de 460 trabalhadores. A juntarem-se à lista estão ainda as confecções “Braz & Neto”, que despediu 22 trabalhadores, a “Campos Mello” (72), a “Coviveste” (27), a “Crangi Confecções” (37), a fábrica de lanifícios “José Sousa” (19), as confecções “Mataclau” (12), as fábricas de lanifícios “Salvado & Louro” (9), a “Tecitex /TCT” (17) e a “Têxteis J. Madeira & Adriano” (5 trabalhadores). Na vila do Tortosendo encerraram as empresas J. Vaz (60 trabalhadores), a A.D. Lopes (90), as confecções Jorge Paiva (25) e a empresa de lanifícios Américo de Sousa (24). No Paúl, as “Confecções Paulense” desempregaram 60 trabalhadores e no Dominguiso foram as “Confecções Musa” a despedir igual número de trabalhadores.

No concelho de Belmonte, as confecções Montebela” deixaram 220 trabalhadores no desemprego, seguida da “Libela” (70), da “Alcide Patrício Monteiro” (65) e da “Vaz Morão” (30). No Fundão, a “Eres” encerrou as portas no início de 2002 e atirou para o desemprego 470 trabalhadores, enquanto que em Castelo Branco foram as confecções “Camilla” (167), “Doriman” (10) e “Salavessa, Ramos & Belo” de Cebolais de Cima (14) a encerrarem as portas. O USCB alerta ainda para a redução de trabalhadores através da rescisão de contratos a prazo, por “mútuo acordo” ou por «despedimentos arbitrários ou liberais», cenário que abrange os mil trabalhadores. Os casos mais significativos aconteceram na Carveste (240 trabalhadores), “A.C.&B.”, do Paúl (60 trabalhadores), “M. Carmona” (68 trabalhadores), “J.Vaz/Interssuit/Raduk”, no Tortosendo (60). No Fundão, as reduções mais significativas foram na “Massito” (23), na “Cramil” (23) e na “Reis&Craveiro” (15), enquanto que a “Fiper”, no Teixoso, despediu 30 operários. Além disso, há ainda cerca de mil trabalhadores com salários em atraso e da totalidade ou parte do 13º mês.

Mas de acordo com a USCB, outros sectores foram ainda prejudicados nestes últimos anos. É o caso dos aglomerados da madeira, que «desapareceu praticamente» no distrito com a paralisação da “Sotima”, em Proença-a-Nova”, onde 234 trabalhadores perderam o seu emprego. Também o sector da cerâmica vai «desaparecendo de forma lenta e inexorável» com a falência da “Sobetão” e da “Cerâmica de São Pedro”. A primeira deixou no desemprego 25 trabalhadores e a segunda 18. A Garagem de S. João, do sector automóvel, também se encontra encerrada após a suspensão do contrato de trabalho dos seus 15 funcionários, que invocaram salários em atraso. Luís Garra garante que os encerramentos «estabilizaram» por agora, mas teme uma «explosão social» assim que os subsídios de desemprego terminarem. O sindicalista reclama «medidas urgentes» para revitalizar o tecido empresarial da região, atrair investimento público e privado e a implementação de um plano de formação e qualificação profissional dirigido às necessidades das empresas e das novas profissões.

Liliana Correia

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