De modo a combater a reduzida taxa de execução do Plano Rodoviário Nacional (PRN), o distrito da Guarda vai ser contemplado com a construção de várias estradas há muito reivindicadas e que dotarão a região de melhores ligações. O secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e das Comunicações anunciou no final da semana passada, durante a inauguração das novas instalações da Direcção de Estradas da cidade mais alta, o avançar dos projectos do IP2 e dos IC’s 6, 7, 34 e 37.
Em relação ao IP2, entre Macedo de Cavaleiros e Celorico da Beira, Paulo Campos assegurou que a obra, a executar em regime de concessão, «será lançada até ao final do ano». Já sobre os projectos dos Itinerários Complementares 6 (Coimbra/Covilhã), 7 (Seia/Celorico) e 37 (Viseu/Seia), explicou que, durante esta semana, vai «receber o estudo de optimização dos traçados» dos três IC’s para, posteriormente, o Governo «tomar decisões para passar à fase seguinte». O governante salientou a importância destas três vias «fundamentais na ligação a Norte do distrito da Guarda e a Coimbra», frisando que quando o actual Governo iniciou funções «não existia nenhum estudo para esses traçados». Sobre o IC34, que ligará Vila Nova de Foz Côa a Almendra, Paulo Campos realçou que essa estrada vai sofrer um processo de remodelação que se iniciará «muito brevemente». Entretanto, em relação à parte do traçado, que ainda «não está devidamente construído», vai ser aberto o concurso para a celebração do projecto de execução» dessa via. O secretário de Estado espera que este «conjunto de grandes investimentos tenham um progresso significativo nesta legislatura», de modo a permitirem que a Guarda, que tem apenas 30 por cento de taxa de execução do PRN, «passe a ter uma taxa de execução dentro da média dos restantes distritos do país», que é de 60 por cento. O responsável realçou que o Governo «tem vindo a trabalhar para repor esta situação», relembrando a construção da A25 e da abertura de uma ligação entre o antigo IP5 e a A25, na zona da cidade da Guarda.
Satisfeitos com os anúncios feitos pelo secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas ficaram naturalmente alguns dos autarcas afectados pelas novas vias a serem construídas no distrito. Emílio Mesquita, presidente da Câmara de Foz Côa, salientou que o IP2 e o IC 34 são «importantes» para o norte do distrito da Guarda. De resto, no caso concreto do Itinerário Complementar, frisou tratar-se de uma estrada «que colocará Foz Côa em Espanha em 15 minutos». Por seu turno, António Edmundo sublinhou que aquela via «elevará os fluxos turísticos de Espanha ao Museu do Côa, ao Douro e ao Porto», enalteceu o edil de Figueira de Castelo Rodrigo. Já Eduardo Brito, autarca de Seia, sublinha que o ritmo do processo de construção dos IC’s 6, 7 e 37 «devia ser um pouco maior», considerando que «é preciso acelerar, porque na região de Seia, Oliveira do Hospital e Gouveia, perdemos alguma competitividade sem esses acessos», garantiu. As novas instalações da Direcção de Estradas da Guarda ficam situadas na Avenida Francisco Sá Carneiro, próximo do Instituto Politécnico, e representam um investimento superior a 1,3 milhões de euros. Paulo Campos realçou a capacidade de resposta «mais eficaz e eficiente» que a nova infra-estrutura garante.
Conclusão da EN 338 não é prioridade para o Governo
A conclusão da EN 338, entre a Guarda e o maciço central, incluída no Plano Rodoviário Nacional (PRN) de 1950, não constitui uma prioridade para o Governo, adiantou o secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e das Comunicações que recebeu das mãos do autarca Joaquim Valente um dossiê com o traçado delineado para aquela via. Paulo Campos realça que o Governo tem respondido positivamente a várias solicitações feitas pela autarquia guardense, caso da nova ligação à A25, de «investimentos adicionais de duplicação de uma via e de uma rotunda na cidade», bem como da ligação à Plataforma Logística e da passagem pedonal de S. Miguel. Mas realçou que a conclusão da EN 338 é uma «solicitação que não consta do actual PRN» e que, por isso, «não é uma prioridade» para o Governo. Por outro lado, salientou que o PRN em vigor «só está executado a 60 por cento», o que na prática significa que «temos obrigatoriedade de construir ainda dois mil e muitos quilómetros de estradas em todo o país», esclareceu. «É nesses que estamos a trabalhar e a concentrar prioridades, vão ocupar-nos durante os próximos anos», reforçou. Ainda assim, disse que o projecto será analisado e que poderá ser incluído numa eventual futura revisão do Plano.
Quem não ficou surpreendido com esta reacção foi o presidente da Câmara da Guarda: «É preciso fazer o projecto e arranjar financiamento. Sabemos que, neste momento, não faz parte do PRN, mas nós queremos é recuperar o PRN que conferiu à 338 o carácter e a qualificação de estrada nacional», disse. Recorde-se que Câmara da Guarda desistiu do projecto intermunicipal da “Estrada Verde”, pretendendo “abrir”, sozinha, um acesso directo à Serra da Estrela. O principal argumento de Joaquim Valente é que essa via já existe: «Ela começa na Guarda e vai até aos Trinta, depois é interrompida no maciço central para voltar a aparecer na zona de Manteigas, sendo restabelecida entre a Lagoa Comprida e Loriga. Portanto, só falta que a administração central a conclua», explicou.
Ricardo Cordeiro
