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«Se não ganharmos a Câmara da Guarda o resultado nunca será satisfatório»

Júlio Sarmento, candidato à presidência da Distrital do PSD da Guarda

P – Acha que Rui Ventura tem motivos para suspeitar da transparência das eleições?

R – Não e acho até muito negativo que tenha lançado a suspeição sobre o partido e intrigou-me que tenha dito que tem 25 anos de experiência e que sabe como é que as coisas se fazem. Se sabe, eu não sei. Não há falta de transparência no PSD, há é concelhias cujos presidentes ou os presidentes de Câmara acabam por ser bem aceites, geram afetividades e os militantes vão atrás e por isso é que, como se verificou nas últimas eleições, houve concelhias de uma e de outra candidatura que praticamente tiveram o universo total dos votos. Mas isso não quer dizer que tenha havido caciquismo. Rui Ventura prestou um mau serviço ao partido ao trazer para a opinião pública a suspeição de algo que deve provar se tem provas.

P – Esta sua candidatura é de sobrevivência política?

R – Não. Esta candidatura compreende-se à luz de um princípio ético e de um espírito de missão porque na altura em que avancei não havia nenhuma alternativa a Rui Ventura. Sentir-me-ia muito desiludido, e o partido muito inquieto, se Rui Ventura fosse presidente da Distrital, uma vez que considero que ainda não tem as qualificações para o lugar. Quanto à questão da sobrevivência, não preciso de sobreviver à custa da política. Tenho uma profissão, sou advogado, tenho interesses empresariais e não preciso nem económica, nem social, nem publicamente nada da política para sobreviver. Há outra afirmação que carateriza muito bem Rui Ventura, quando diz que está a meio da sua carreira política. É porque entende que vai fazer profissão e carreira na política e isso é o que há de mais negativo. Eu não sobrevivo da política, mas aqueles que querem construir carreiras politicas, como Rui Ventura, é que sobrevivem de uma carreira construída só na política porque, às vezes, até nem têm outras profissões.

P – O que se propõe mudar no partido?

R – O PSD é um partido que no distrito foi marcado por lideranças muito fortes como de Marília Raimundo, Ana Manso ou Álvaro Amaro. Foram lideranças carismáticas que criaram muitas afetividades que se traduzem em sensibilidades diversas e que muitas vezes têm conduzido a uma crispação e divisão do partido e é contra isso que me candidato. Quero contribuir para que haja unidade e coesão e a lista que vou apresentar vai nesse sentido. Vou ter personalidades que já estiveram em campos opostos há dois e quatro anos e esta lista quer transmitir que há uma aposta em esbater as diferenças no caminho para a unidade. Mas a grande tarefa é a partir do dia 10, aí é que vamos dar todos os outros passos no respeito por todas as diferenças e todas as concelhias no sentido de convergir e de procurar construir no partido uma liderança. O que o PSD precisa é desta unidade e não da divisão artificial que Rui Ventura quis na fase inicial da sua campanha, de dividir por gerações. Essa coesão do partido é absolutamente essencial para vencer os desafios, sobretudo aqueles que se colocam com a candidatura à Câmara da Guarda.

P – O que é preciso mudar no PSD para o partido ganhar a Câmara da Guarda?

R – Primeiro, é preciso construir a unidade do partido. Depois, construir uma convergência estratégica entre a comissão política de secção e a Distrital, depois encontrar cedo, e a horas, uma candidatura credível, competente e capaz de ser mobilizadora e a seguir trabalhar. O PSD não tem trabalhado com suficiente antecipação para encarar a sério uma candidatura à Câmara da Guarda. Também quero mudar muito do relacionamento e da forma de fazer política no distrito porque no PSD, quando eu for efetivamente líder da Distrital, queremos construir e apresentar soluções com base na convergência com setores empresariais, profissionais, da sociedade civil e os outros partidos. Precisamos de olhar, não apenas à escala do distrito, mas à da região, ser capazes de, conversando com muita gente, construir soluções e depois, convergindo com outras regiões, chegar ao Governo, não com queixumes e problemas, mas com propostas de soluções. Se continuarmos a ter uma política de braços caídos, considerando que é uma fatalidade o que nos está a acontecer, não vamos a lado nenhum. A nossa candidatura à Câmara da Guarda não é para vencer o PS porque, na minha conceção de poder, o partido não é um fim em si mesmo, é um instrumento de poder ao serviço das pessoas e a nossa perspetiva em qualquer Câmara é apresentar as melhores soluções. Não estamos aqui para viver a política partidária no mesmo confronto que tem dividido na Guarda PS e PSD. Queremos convergir e ter soluções que sejam as mais adequadas e apresentar propostas que cheguem à maioria dos eleitores do concelho.

P – Qual será para si um bom resultado nas autárquicas de 2013?

R – O PSD disputará estas eleições numa conjuntura particularmente difícil porque não vamos contar com cinco presidentes de Câmara que habitualmente ganhavam, o que quer dizer que vai haver muito mais eleições em aberto. Para mim, ganhar é continuar a liderar o maior número de Câmaras no distrito e vencer a Câmara da Guarda. Esse é o nosso objetivo. Não nos refugiamos num resultado meramente contabilístico. Se não ganharmos a Câmara da Guarda, o resultado nunca será satisfatório. A nossa ambição é essa. Mas não estou aqui à procura de um primeiro passo para ser candidato seja ao que for, já disse da minha disponibilidade, vamos é procurar fazer o que é essencial que é convergir com a comissão política de secção na escolha do melhor candidato. Se o melhor candidato consensualmente for eu, estou completamente disponível para o desafio. Se for outro companheiro estarei disponível para fazer na Guarda a sua campanha.

P – Quais as concelhias que o apoiam?

R – Tenho expetativa de ganhar em 10 das 14 concelhias do distrito. Secções que me apoiam, além de Trancoso, Gouveia, Celorico da Beira, Foz Côa, Sabugal, Mêda, Fornos de Algodres, espero ter Aguiar da Beira, uma vez que o presidente da Câmara vai também comigo. Pelo menos estas já tornaram pública a sua decisão.

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