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Scutvias responsabilizada por veículos bloqueados na EN18

Joaquim Valente considera que os meios de limpeza de neve disponíveis na cidade e na região «não estão a ser postos no terreno de forma concertada»

O presidente da Câmara da Guarda considerou “uma estupidez” que o trânsito tenha sido desviado da A23, a auto-estrada que liga a cidade a Torres Novas, para a EN18 devido ao nevão de domingo.

Em consequência disso, nessa noite, 16 camiões, quatro autocarros e uma carrinha ficaram bloqueados naquela estrada, que sobe em direcção à cidade, após um pesado se ter atravessado na via. Os passageiros de três autocarros foram transportados para a Guarda pela protecção civil e os bombeiros, mas os motoristas dos camiões e os viajantes do quarto autocarro, de nacionalidade romena, recusaram-se a sair do local, onde permaneceram até ao meio da manhã de ontem. «O que se passou é uma desresponsabilização da concessionária [Scutvias], que desviou o tráfego, nomeadamente de pesados, para uma estrada que estava em piores condições e tem um declive superior à auto-estrada», criticou na reunião do executivo de segunda-feira. Joaquim Valente acrescentou que a autarquia e o serviço municipal de protecção civil não foram avisados desta decisão, pelo que a situação é «da inteira responsabilidade» da Scutvias.

«É importante que, em nevões desta amplitude, as concessionárias das auto-estradas tenham a consciência de que são os primeiros responsáveis por manter em funcionamento e assegurar as boas condições da via e não podem decidir desviar o trânsito para estradas vizinhas sem conhecerem o seu estado e as suas características», criticou. E prosseguiu: «A partir do momento em que injectam trânsito da A23 no sistema rodoviário municipal, a culpa e os encargos são nossos quando não temos que os assumir se houver uma concertação entre todas as entidades que operam em casos semelhantes a estes». Nesse sentido, Joaquim Valente considerou que os nevões das últimas semanas revelaram que os meios disponíveis na Estradas de Portugal, nas concessionárias das auto-estradas A23 e A25 e na Câmara «não estão a ser postos no terreno de forma concertada». Joaquim Valente reagiu ainda às declarações do Governador Civil, que quer um «sistema eficaz» de limpeza de neve na Guarda, sublinhando que o importante é «potenciar os meios» que já existem.

«Na cidade está definido quais são os meios que temos que disponibilizar e os circuitos que temos que manter limpos para que se possa circular em segurança», declarou, acrescentando no entanto «não haver meios para limpar ruas com inclinações de 10 e 12 por cento, como é o caso da Guarda». Por isso, para o presidente, «o mais seguro nestas situações é não sair de casa».

Quinaz protesta contra intervenção de Celínio

A intervenção do presidente do Clube Escape Livre, Luís Celínio, na anterior reunião de Câmara esteve novamente em cima da mesa do executivo. Tudo porque Rui Quinaz protestou, 15 dias depois, pela forma como a reunião decorreu. «Aquilo devia ter sido interrompido, porque tratou-se de uma intervenção política, além de insultuosa», o que, segundo o vereador do PSD, não se enquadra nos termos que a Lei das Autarquias Locais define para o período do público. «Não é o momento para os munícipes fazerem juízos de conteúdo político, muito menos contraditar as opiniões do executivo. A permitir-se esse tipo de situações, teríamos aqui um fórum político, em que os partidos poderiam vir constantemente à Câmara contestar declarações ou protestar decisões», afirmou, esperando que a situação não se repita no futuro. Na resposta, Joaquim Valente lembrou ao social-democrata que devia ter protestado na altura com um ponto de ordem. Irónico, o autarca acrescentou que «quem aqui está tem que estar preparado para tudo» ou que «nem sempre é cómodo ouvir aquilo que se diz, mas vivemos num regime democrático».

Outra repetição teve a ver com a aquisição de casas na Praça Velha para a Câmara concessionar a privados para bares e outros espaços de lazer. Rui Quinaz retomou a intervenção de Sérgio Duarte na Assembleia Municipal para dizer que este é um «gasto reprodutivo», além de que o momento será o ideal, pois o mercado imobiliário está em baixa. Para contribuir também para a dinamização do centro histórico, o vereador sugeriu igualmente a compra do edifício da antiga Auto-Garagem da Sé para ali ser instalado um mini-silo-auto e a criação de estacionamento por períodos curtos na rua Augusto Gil, no Largo de São Vicente e no Passo do Biu. «Os lugares seriam para os clientes do comércio tradicional, mas isto só funciona desde que haja fiscalização», declarou, não sem antes perguntar pela Sociedade de Reabilitação Urbana anunciada no mandato anterior.

Neste particular, Joaquim Valente admitiu que não avançou porque a legislação publicada ficou «muito aquém do desejado». Nesse sentido, o presidente declarou que o ideal nesta matéria era uma «actualização sem pruridos da Lei das Rendas». Quanto ao resto, voltou a desvalorizar o assunto, dizendo que a Câmara não pode «ultrapassar as suas competências» no que à propriedade privada diz respeito. E contra-atacou: «Para o PSD a Guarda é um mau exemplo em tudo. Mas não foram capazes de assumir que nunca se fez tanta obra no centro histórico como nos últimos anos, nomeadamente com o Polis. Se calhar não se deu conta, mas andamos ali com obras há três anos sem parar», afirmou.

Luis Martins Executivo voltou a abordar a polémica intervenção de Luís Celínio

Comentários dos nossos leitores
Jose Caetano JOSECAETANO19@HOTMEIL.COM
Comentário:
Temos de ser realistas, em situações de inverno rigoroso e mais prolongado, não temos meios para resolver o problema das estradas bloqueadas.
 

Scutvias responsabilizada por veículos
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