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Saramago: erva daninha?

OPINIÃO

Saramago é uma espécie de erva que nasce espontaneamente, sem ter de ser cultivada, por isso acredito que o nome do escritor José Saramago não poderia ser mais apropriado.

“Memorial do Convento” foi o meu ponto de partida para o conhecimento deste escritor tão polémico e tão reconhecido a nível mundial. Na verdade, quando iniciei a leitura estava um pouco expectante em relação ao seu estilo, porém no final do primeiro capítulo já o considerava pavoroso, então ao chegar ao quinto só encontrava uma palavra: deplorável. Foi na descoberta de parágrafo por parágrafo, linha por linha, palavra por palavra que o sentimento de arrependimento, de ter gasto tempo e dinheiro ao ler aquela obra, foi crescendo.

Talvez muitos de vós se questionem o porquê de eu abominar este livro, mas o meu fundamento reside em três aspectos: o vocabulário, onde as palavras consideradas de “mau tom” são a personagem principal; o uso incorrecto de pontuação, onde as vírgulas substituem qualquer outro tipo de sinal de pontuação e o tema que rege todos os capítulos, sem excepção, e não me refiro à construção do convento… No entanto, são também estas razões que levam a que muitos indivíduos considerem as obras de Saramago uma arte, um culto à literatura. Mas se nós, alunos, realizarmos um teste utilizando simplesmente vírgulas ou outro léxico menos próprio, somos penalizados, porque aí já não há originalidade nem talento.

Contudo, não posso deixar de lhe conceder mérito, porque foi com este carácter refulgente que conseguiu alcançar o Prémio Nobel da Literatura, proeza que Sophia de Mello Breyner e Aquilino Ribeiro (entre outros) não conseguiram, com muito mais engenho e dom.

Consinto que me considerem impetuosa por pensar tal de Saramago com apenas a leitura de um livro, mas a primeira impressão é a mais autêntica, ou a mais imprudente…

Ana Eiras, n.º 5, 12.ºC

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