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Santos Silva discorda da criação de mais instituições de ensino superior

Na tomada de posse, o reitor não poupou críticas à ministra apesar da aprovação da adjudicação da Faculdade de Medicina

O anúncio da adjudicação da construção da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI) foi a melhor notícia que a ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, poderia ter transmitido no dia em que o reitor Santos Silva tomou posse do cargo pelo terceiro mandato consecutivo. A acompanhá-lo estarão os vice-reitores Mário Raposo, Luís Carrilho e João Queiroz, e os pró-reitores José Carlos Venâncio e Helena Ferreira.

«Satisfeito» com a “boa nova”, o objectivo é «começar a obra em princípios de Abril para que em Outubro de 2005 possa estar pronta», adiantou Santos Silva, para poder receber cem alunos em Medicina. O edifício mais caro da UBI, dedicado essencialmente ao curso de Medicina, terá uma área aproximada de 18 mil metros quadrados, um custo total da ordem dos 15 milhões de euros e será construído pelo consórcio Empreiteiros Casais /Construções Gabriel A.S. Couto. Embora tenha felicitado a ministra pelo investimento de um bilião de euros entre 2004 e 2006 no domínio da Ciência e da Investigação, o reitor da UBI não deixou de apontar sérias críticas pela redução do Orçamento de Estado transferido para a universidade, quando esta foi a que mais cresceu no presente ano lectivo, e pela não celebração de contratos-programa dos projectos apresentados. A criação de mais universidades ou licenciaturas também foi contestada pelo reitor, para quem não faz sentido abrir mais instituições quando há um decréscimo do número de candidatos ao ensino superior. «Mais do que criar novas licenciaturas, é importante que o ministério atribua vagas às já propostas e registadas», reclama.

Novas unidades de ensino superior no interior

Esta era, na sua opinião, uma forma de «rentabilizar» a rede do Ensino Superior já existente, evitar «concorrências desleais e a proliferação anárquica de instituições e de cursos», deixando no ar a referência à Faculdade de Medicina de Viseu, da qual já discordou publicamente por considerar que existem naquela cidade do interior três instituições de ensino superior credíveis. O reforço da acção social, a construção de uma nova unidade alimentar para a qual já há terreno e projecto, a recuperação do edifício II da Ernesto Cruz para a Unidade de Artes e Letras e Ciências Sociais e Humanas e a construção de um novo edifício destinado aos Serviços Centrais da Reitoria foram os pedidos feitos por Santos Silva à titular da pasta do Ensino Superior durante o seu discurso de tomada de posse. Para o reitor, o Governo tem que ter «um outro olhar» para a UBI. Embora admita a importância da Universidade da Beira Interior para a qualificação do ensino e para travar a desertificação do interior, Maria da Graça Carvalho nada disse sobre os pedidos do reitor. «Foram muitas perguntas e todos os pedidos e candidaturas têm de ser avaliados do ponto de vista das formalidades e da concepção dos projectos», justificou, garantindo apenas que o ministério irá analisar as propostas «uma a uma».

Embora não tenha garantido a Faculdade de Medicina em Viseu, Maria da Graça Carvalho não excluiu a construção de «novas unidades ou instituições do ensino superior» para aumentar o número de licenciados e qualificar os portugueses, tendo em especial atenção a implementação do Processo de Bolonha. No entanto, deixa antever a construção de novas unidades no interior do país: «Estamos a fazer a optimização da rede, a olhar zona por zona e a estudar áreas em que há desemprego», admite, sublinhando que as atenções do ministério vão, «em primeiro lugar, para as regiões periféricas e com maior desertificação». Para 2004/2005 apenas uma certeza: vagas apenas para saúde, artes e tecnologias. Estas são consideradas as áreas prioritárias para o país pelo que as instituições terão que reduzir vagas em cursos menos procurados e canalizá-las para aqueles que são estratégicos. Na UBI, já se sabe que Matemática Aplicada não deverá abrir vagas por não ter obtido qualquer procura desde que abriu na instituição, há dois anos.

Liliana Correia

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