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Santinho Pacheco apela ao voto útil da esquerda e quer capitalizar descontentamento do CDS

Candidato do PS diz que deputados do PSD «não têm nada a apresentar como marca» no distrito da Guarda

Santinho Pacheco considera que o cabeça-de-lista da coligação PSD/CDS pelo círculo da Guarda, Carlos Peixoto, não tem trabalho para apresentar. «A imagem que os deputados do PSD têm no distrito é um saco cheio de nada. Se as coisas tivessem seguido a lógica, sendo que o patrão é o povo e os deputados são os servidores, qualquer patrão despediria um empregado que se portou tão mal com ele durante estes seis anos», afirma, lacónico, o candidato socialista às legislativas de 4 de outubro.

«Quando as pessoas souberem que é deputado há seis anos e que ele não tem nada para apresentar como marca no distrito, isso é uma coisa que deve deixar o partido atrapalhado», acrescentou o socialista, desconfiando que Carlos Peixoto «nem ia na lista» se não fosse presidente da Distrital. A lista do PS foi apresentada anteontem em Vila Franca da Serra (Gouveia), a terra natal do antigo Governador Civil, que esteve na redação de O INTERIOR na passada quinta-feira. Nesta visita de cortesia, Santinho Pacheco revelou que tenciona recuperar o eleitorado zangado com o PS e também os descontentes do CDS para conseguir a eleição de dois deputados. «O CDS genuíno está perfeitamente siderado com a maneira como o partido foi tratado na coligação, designadamente no distrito da Guarda. É inadmissível que a distrital tenha aceite este papel de muleta podre num quinto e oitavo lugares», declarou o socialista, que diz ter também «uma imagem positiva» junto do eleitorado do PCP. «Eu não hostilizo, eu congrego, é a minha postura. Tenho por isso alguma esperança no voto útil da esquerda, na recuperação de algum eleitorado desavindo do PS e também no descontentamento que grassa no CDS», acredita.

Pelas suas contas, são precisos «mais de 35 mil votos» para os socialistas elegerem o segundo deputado. «Sabemos que é uma tarefa difícil porque o PSD sozinho elegeu três há quatro anos e nessas eleições os dois partidos da coligação tiveram o dobro dos votos do PS no distrito, mas acreditamos que conseguiremos chegar ao coração das pessoas – sou um político de afeto», insistiu o cabeça-de-lista. Na sua opinião, nestas legislativas «só há duas opções, quem quer que o atual Governo se mantenha e quem quer que caia» e estes últimos «só têm» que votar no PS porque estas eleições «são para eleger deputados na Assembleia da República que façam maioria», avisa o antigo presidente da Câmara de Gouveia, que conta com João Pedro Borges na campanha. «Não me passa pela cabeça que o presidente da concelhia da Guarda não seja um dos meus companheiros, já a pensar também nas autárquicas, pois estas eleições são para fidelizar um determinado tipo de eleitorado», avisa. Fiel ao seu timbre, o candidato socialista promete que não vai desiludir o eleitorado da Guarda se for para a Assembleia da República, onde quer ser uma voz inconformada.

Promessas

«No Parlamento há muito latifundiário da política, muito barão, muito baronete, mas falta lá o pastor e o cavador de enxada e eu não me importo de desempenhar esse papel, de parecer menos culto. Estou absolutamente decidido a ser uma voz autêntica da Guarda», sublinhou Santinho Pacheco, que diz ter uma vantagem sobre os seus adversários: «A minha carreira está na reta final e por isso não preciso de agradar a chefes ou a líderes parlamentares para exercer o mandato. Serei coerente comigo próprio», sentenciou. Nesta visita a O INTERIOR, o antigo Governador Civil anunciou que vai defender a redução das portagens «em 30 a 40 por cento» na A23, a vinda de mais médicos e enfermeiros para o Hospital da Guarda e os centros de saúde mais carenciados, mas também a valorização do IPG, mostrando-se contra a eventual integração do Politécnico na UBI. «Apoiar essa ideia é hipotecarmos a Guarda como terra de ensino superior a curto prazo», justificou. Quanto à construção dos IC’s na corda da Serra da Estrela, o cabeça-de-lista do PS concorda que «é uma loucura construir três estradas que custam largas centenas de milhões de euros na mesma zona, por isso defendemos que se faça um desses IC», sustenta. Veja também reportagem em ointerior.tv.

Luis Martins Santinho Pacheco, acompanhado de Vítor Santos, visitaram redação de O INTERIOR

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