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Sampaio da Nóvoa não quer ser Presidente «cerimonial»

Antigo reitor da Universidade de Lisboa escolheu Seia e a Guarda para o arranque da campanha presidencial e alertar para o despovoamento do interior

Se for eleito Presidente da República, António Sampaio da Nóvoa quer ser como um «guia de montanha», que «faz o caminho com os outros, com as pessoas», e não um chefe de Estado «cerimonial, notário e tantas vezes ausente». A confissão foi partilhada no domingo, na inauguração da sede da candidatura na Guarda, situada na Rua 31 de Janeiro.

No arranque da campanha eleitoral e perante uma centena de apoiantes, onde se destacaram alguns históricos socialistas, como Abílio Curto, Santinho Pacheco ou Esmeraldo Carvalhinho – Maria do Carmo Borges esteve em Seia –, o antigo reitor da Universidade de Lisboa preferiu esta metáfora à do «homem do leme» usada pelo mandatário distrital Albino Bárbara na sua intervenção. «Não quero ser um Presidente sozinho, quero ser um Presidente da palavra e das causas», afirmou Sampaio da Nóvoa, para quem estas eleições não são «um concurso de popularidade fora da democracia», numa indireta a Marcelo Rebelo de Sousa. «A democracia faz-se na democracia, com as pessoas a votar», declarou, dizendo-se entusiasmado pela «energia» que «nas últimas semanas e nos últimos dias» diz estar a sentir em torno da sua candidatura. Sampaio da Nóvoa afirmou também que quer ser um Presidente «que tem causas e que se preocupa com as causas que deem futuro a Portugal», sendo «o conhecimento e a igualdade dois pilares» da sua candidatura.

O antigo professor prometeu também «estar do lado daqueles que têm mais dificuldades nos momentos mais difíceis» e que vai pugnar por «um país coeso territorialmente». Antes, os mandatários distritais Luísa Campos e Albino Bárbara justificaram a sua opção por Sampaio da Nóvoa. «Contamos consigo para defender a Constituição», afirmou a docente do IPG, enquanto o presidente do Centro Cultural da Guarda, pediu-lhe que seja «o “homem do leme”, que tem de estar presente e não pode comportar-se de forma irresponsável anos a fio». Sampaio da Nóvoa começou este primeiro dia da campanha em Seia, onde disse que votar em Marcelo Rebelo de Sousa «é o mesmo que escolher uma rifa», pois nunca se sabe «o que nos vai calhar em sorte». Num almoço em que participaram cerca de 200 pessoas, o candidato ironizou dizendo que caso o professor ganhe as eleições – «o que é cada vez mais improvável», considerou – «ninguém saberia qual dos Marcelos viria a encontrar em 2017 ou 2018», se aquele que durante a campanha defende o Estado social ou aquele que, em 2010, defendeu o projeto de revisão constitucional que, entre outras medidas, retirava a gratuitidade da saúde.

O antigo reitor da Universidade de Lisboa criticou ainda Maria de Belém, que, tal como Marcelo, esteve do lado «dos que entenderam que a Constituição valia menos do que um acordo com os credores», lembrando que o desfecho «foi esmagador», com o Tribunal Constitucional (TC) a decidir que os cortes nos salários dos funcionários públicos eram mesmo ilegais. «Se Cavaco Silva não esteve à altura das suas responsabilidades, a forma como estes dois candidatos desvalorizaram a Constituição num momento absolutamente decisivo da nossa vida e da nossa história, não nos deixa um quadro otimista do que poderiam fazer se fossem eleitos presidentes da república», sublinhou. Quanto ao facto de ter escolhido Seia para o arranque da campanha, Sampaio da Nóvoa justificou que foi «um sinal político forte» que quis dar para alertar para o despovoamento que atinge o interior. «É um dos bloqueios mais preocupantes que o país atravessa», referiu. Neste périplo, o candidato esteve acompanhado por Correia de Campos, antigo ministro da Saúde e seu mandatário nacional.

Luis Martins «Votar em Marcelo Rebelo de Sousa é o mesmo que escolher uma rifa», pois nunca se sabe «o que nos vai calhar em sorte», avisou o candidato

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