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Salvé Salazar!

Salazar está na moda! São teses académicas e um sem fim de livros que procuram retratar a sua vida, o seu pensamento político, e até os seus amores. O que antes seria um escândalo, é hoje aceite com normalidade. Salazar acabou mesmo por ser eleito um dos dez portugueses mais influentes da história por um programa da RTP com participação da população portuguesa.

Na generalidade, as pessoas que olham para o escaparate de uma livraria e vêm a imagem seráfica de Salazar na capa de um livro, vêm um estadista e deixam para um segundo plano a imagem de um ditador!

Ditador era o título de um magistrado da antiga Roma apontado pelo Senado para governar o estado em tempo de emergência. Salazar de facto assumiu o poder quando Portugal vivia uma situação caótica – não só a nível político, como económico, religioso, social. Traçou uma estratégia, um rumo. Instaurou um regime duro, talvez a única possibilidade de vencer o caos e fazer vingar a estratégia gizada.

Esta linha dura é muitas vezes entendida, no sentido moderno, como um regime autocrático que assume solitariamente o poder sobre o Estado e restringe as liberdades. “Não se pode, ao mesmo tempo, governar e encantar a multidão” disse o próprio Salazar

Mas com o tempo a fotografia da história vai perdendo definição. Vão ficando só os grandes traços, as linhas marcantes, estruturantes….

À luz dos nossos dias, Salazar – ou melhor, o seu regime – cometeu enormes erros. E qual foi o estadista dito democrático que não os cometeu? Qual o estadista do pós “25 de Abril” que não empreendeu injustiças, que não descuidou direitos, que não foi merecedor de critica? Nenhum. Porque governar significa decidir e decidir significa interferir nas expectativas de alguém.

Podemos concordar ou não com a sua estratégia. Mas com o passar dos anos, entendemos que Salazar, no seu sentido pátrio, cometeu erros em função de um bem maior, que era o Império. Tinha uma ideia para Portugal, e dentro das limitações e do contexto da época procurou fazer o melhor pelo país. E os políticos dos nossos dias? Mudam de políticas ao sabor das sondagens, vendem a alma por um título de jornal, são fracos perante os grandes capitais, têm estratégias que não vão além dos ciclos eleitorais e raramente têm uma ideia feita sobre o que querem de Portugal no futuro.

Salazar é admirado em comparação com os estadistas gerados pela democracia. E prova que a história se faz com o tempo, quando o vento levanta o pó e deixa ver os caminhos traçados.

Salazar é hoje um herói da mesma forma que os heróis de hoje serão nada amanhã!

Por: João Morgado

Director www.kaminhos.com

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