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Sabugal

O concelho do Sabugal é o segundo maior do país, com mais de 800 quilómetros quadrados e trinta freguesias. E é também um dos que mais sofreu o êxodo rural – nos censos de 1960 tinha cerca de 38 mil habitantes, nos de 2001 tinha 14.799 e hoje tem 11.800 mil. Este é um concelho da diáspora…

Milhares de sabugalenses partiram, em especial nos anos 60 e 70, à procura de outra vida, de melhor vida, para destinos longínquos. Gente corajosa e trabalhadora que não teve medo, que sofreu as agruras e dificuldades de um concelho que não conseguiu ser o melhor porto de abrigo para os seus filhos. Partiram, quantas vezes com pouco mais que a roupa que traziam vestida. Que foram tantas vezes enganados pelos “passadores” que lhes prometeram o “eldorado” em troca das poupanças de uma vida e que depois abandonaram à sua sorte. Os sabugalenses sabem como poucos o que é arriscar e trabalhar esforçadamente para singrar na vida.

Talvez por esse esforço, pelas dificuldades e tormentos que marcaram a sua infância, são filhos que sempre voltam a casa. Que orgulhosamente enchem as aldeias no Verão, nostálgicos da meninice de outrora, mas felizes pela supervivência, pelo êxito distante, que lhes enche a alma sofrida.

As Terras de Riba Côa são hoje um esqueleto dos tempos do contrabando, da vitalidade rural, do trabalho árduo que os emigrantes deixaram para trás. Mas mantêm, como poucos, o apego às tradições e aos usos e costumes. Nem a partida dos seus filhos, nem o devir dos tempos, faz esquecer as memórias vetustas e veneráveis. Os castelos da Raia levantam-se no horizonte para nos recordar que estas foram terras sacrificadas à defesa da pátria e à afirmação nacional. Hoje são património edificado de excelência, mesmo aqueles que foram menos cuidados pelas pessoas e instituições.

Mas se o passado de concelho raiano marca a personalidade de todos e cada um dos sabugalenses, é o presente que se ergue cheio de expectativas. Sem ambições desmedidas e em conformidade com a realidade própria de um concelho pobre do interior, no Sabugal há hoje razões para sorrir. O concelho tem fechado o ciclo de investimento em infraestruturas básicas e aposta numa nova dinâmica de crescimento que passa pelo turismo, pelas energias renováveis e pela geriatria – este é o concelho mais envelhecido do país também porque tem quase trinta instituições para idosos, para os que já viviam no concelho, para os naturais que regressam e mesmo para forasteiros que encontram neste concelho as melhores condições para o repouso de uma vida. Um concelho que, entretanto, goza o período mais ansiado do ano, o tempo das capeias e das festas cheias de tradição e saudade.

Luís Baptista-Martins

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